Abriu no sábado passado na Galeria Pivô Entre Nós uma exposição com 20 artistas e coletivos para celebrar os 10 anos das bolsas da excelente revista Zum, do IMS. Ir à Pivô é um programa em si, mas essa exposição está imperdível porque mostra diferentes caminhos de como pensar a contemporaneidade a partir da imagem. Entre os artistas está Dora Longo Bahia, que usei como ilustração com esse trabalho desolador: Brasil x Argentina (Amazônia e Patagônia). Além dela, tem Barbara Wagner, Sofia Borges, Aline Motta, Coletivo Trëma, Glicéria Tupinambá, Rafael Bqueer, Coletivo Garapa,Dias & Riedweg, só pra falar de alguns que fizeram a minha cabeça. Fica até 30 de julho.
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Começo de mês tem sempre a ocupação da Ladrilho Hidráulico na newsletter da Ubu, em que eu faço um cruzamento de coisas legais para ver e ouvir com os livros da editora. E, para essa, que sai amanhã, tem uma pequena joia: uma playlist de uma hora com sons novos do Congo. Mas o legal mesmo é assinar a newsletter da Ubu, que é cheia de informação boa.
Para sair de casa
Dica valiosa da minha amiga Carla Vidal: abre hoje no Museu Judaico a exposição Boris Lurie - Arte, Luto e Sobrevivência. Com curadoria de Felipe Chaimovich, examina o legado desse artista que sobrevive ao Holocausto, mostrando colagens, desenhos, pinturas e esculturas. Fica até 9 de julho.
Na Galeria Vermelho, fica até 29 de abril a terceira individual de Edgar de Souza por lá, com sua produção dos últimos anos: quatro esculturas, além de bordados.
Fica até 13 de maio na galeria Janaina Torres Falsa Simetria, individual de Osvaldo Carvalho com pinturas que exploram as desproporções como crítica aos desequilíbrios sociais.
Dentro dessa troca bem legal entre galerias que é a Condo 2023, a Central recebe até 29 de abril a Lovay Fine Arts. Na exposição colaborativa Betty, as obras do brasileiros Gretta Sarfaty e Ridyas dialogam com as colagens e desenhos de Kathe Burkhart, Michèle Graf & Selina Grüter e Pascal Vonlanthen.
No quarto andar da Pina Estação, está Formas Vivas, a nova individual de Elisa Bracher, com instalações em madeira, papel e chumbo. Estando por lá, vale esticar até a Pina Luz para ver Escola Panapaná, de Denilson Baniwa e dar aquela passadinha na nova Pina Contemporânea, também no parque da Luz.
Para quem gosta de dança, duas boas opções no feriado. No Centro Cultural São Paulo, fica em cartaz até domingo Só Se for Agora, de Ricardo Neves. No Sérgio Cardoso, sábado e domingo tem Casa Forte, criação coreógrafo Mário Nascimento para comemora os 40 anos da Raça Cia de Dança. Ambos de graça.
Agora, para quem quer ir ao teatro, no Sesc Consolação está em cartaz uma montagem de A Cerimônia do Adeus, adaptação do livro de Simone de Beauvoir, com direção de Ulysses Cruz.
No lusco-fusco entre teatro, música e poesia rola na quarta mais uma edição dos Trovadores do Miocárdio na Balsa.
Indo para o cinema, duas mostras legais. Na Cinemateca, vai até sábado 5x Godard, só com os mais clássicos da Nouvelle Vague. Já E , no CineSesc, chegou aquela época do Festival Melhores Filmes, com as escolhas do público e da crítica. Ou seja, coisas que, se você ainda não viu, não pode perder.
Hoje na Laje tem jazz aberto dos bons: o Duo Marques Rodrigues se junta a Marcelo Cabral. Falando no Cabralha, ele também participa do show da Anna Vis, sábado, na Associação Cultural Cecília e, na terça está com Guizado e a Realeza, na terça no Centro da Terra.
Hoje e amanhã tem Don L com banda na Casa Natura Musical., que no sábado traz um encontro de gigantes: Hamilton de Holanda e Mestrinho. Se eu não fosse viajar, queria muito ver o Bruno Berle só com piano e voz no Blue Note amanhã.
Na quarta e na quinta, invadindo a LH da semana que vem, tem A Espetacular Charanga do França na Casa de Francisca.
No mundo Sesc, abrimos os trabalhos com o violão primoroso de Fabio Zanon no Avenida Paulista, que no sábado e no domingo traz um duo de peso: Marco Pereira e Paulo Bellinati. No fim de semana também rola o samba do Casuarina no Belenzinho, Plebe Rude no Vila Mariana e Bitita - As Composições de Maria Carolina de Jesus no Pompéia. No sábado, também tem Dead Fish no Pompéia e Izzy Gordon no Pinheiros. E por lá, no domingo, Curumim toca o seminal Talking Book, do Stevie Wonder. Na terça rola Josyara no Avenida Paulista e a violoncelista e rabequeira Erica Navarro no Instrumental Sesc Brasil. E, na quarta, Pin Ups no Avenida Paulista.
Para dançar, hoje tem Fresh com B-Negão no Cineclube Cortina. E um convite para queimar a largada forte no feriado: a festa de 23 anos da D-Edge com 14 horas de som. Na sexta rola o Baile Diquebra na Casa da Luz, com Kl Jay de convidado. Sábado tem Camaleoa com as meninas do Cremosa Vinil na Balsa e, mais tarde no Estúdio Lâmina, Exótica Dance Club, com Gui Scott, Kurc e Xambah. Já do domingo tem Dedo no Cuezinho, com Dago e Guarizo, no Bar Alto.
Discos
Memento Mori, Depeche Mode (Venusnote Ltd.)
É bem sugestivo o título desse disco, considerando que é o primeiro dos pioneiros do synthpop depois da morte de Andy Fletcher. A verdade é que é o melhor álbum do Depeche Mode que ouço em anos. Tem um lado dark que quase volta a Black Celebration e uns arranjos angulosos, ásperos, mas com letras e melodias que emocionam profundamente. Voltei à adolescência ouvindo.
Scaring the Hoes, JPEGMAFIA x Danny Brown (Peggy)
De todos os artistas novos do hip hop nenhum me leva para lugares tão inusitados com sua sampledelia do que o JPEGMAFIA, e pensar nele junto com um mestre do flow como Danny Brown já me fez gostar da ideia do disco antes mesmo de ouvir. A real é que o som é ainda melhor do que eu esperava. Essa junção de Nova York e Detroit é cheia de uma energia quase punk, com cada artista levando o outro a um patamar mais alto. Fora que essa capa na semana que o Trump foi indiciado bate muito bem.
the record, boygenius (Interscope Records)
Ao saber que essa banda é formada por Julien Baker, Lucy Dacus e Phoebe Bridgers, é difícil não fugir do clichê do supergrupo indie. Se separadamente os três já lançaram bons discos, nenhum deles chega à altura dessa estreia do boygenius. Tem tando um lado mais folk, poético e delicado, como momentos de rock expansivo. Entre os dois extremos, uma tonelada de emoções.
Lightning Dreamers, Exploding Star Orchestra (International Anthem)
Piro no som do Rob Mazurek desde antes do Chicago Underground. Por mais que eu chape nos duos, trios e quartetos, eu gosto da potência do som da orquestra. E só tem fera nesse disco, gente que leva o jazz pra frente como Jeff Parker, Nicole Mitchell, Damon Locks, Gerald Cleaver, Angelica Sanchez, Craig Taborn e o brasileiro Maurício Takara, que já tocou com Mazza quando ele morava por aqui e criou o São Paulo Underground.
Livros
Chuva de Papel, Martha Batalha (Companhia das Letras)
Novo livro da autora do excelente A Vida Invisível de Eurídice Gusmão. Agora ela olha para o Rio de Janeiro pela lente de um repórter policial decadente, que acaba indo morar de favor na casa da tia de um amigo. E nesse encontro, descobre uma história que vale a pena ser contada.
Antonio Candido (Todavia)
Aqui não se trata de um livro, mas do início de um projeto ambicioso e necessário de reedição de 17 livros de um dos maiores pensadores brasileiros. Cinco deles já estão nas livrarias: Formação da literatura brasileira, Os parceiros do Rio Bonito, Literatura e sociedade, O discurso e a cidade e Iniciação à literatura brasileira.
Filmes
Descobrindo Highsmith, Eva Vitija (Filme Filme)
Numa semana bem fraca de estreias no cinema, melhor recorrer ao streaming, ainda mais para quem for sair de São Paulo no feriado. Esse documentário feito pela diretora suíça se baseia nos escritos e anotações da célebre romancista trazendo insights para entender sua vida e sua obra.
Please Baby Please, Amanda Kramer (Mubi)
Altamente estilizado, com um colorido anos 1980 e ambientado nos anos 1950, o novo filme de Amanda Kramer nos leva ao passado com as lentes não binárias de hoje para contar a história de um casal boêmio que, após testemunhar um homicídio, fica fascinado e atraído por uma gangue e seus membros.
Séries
Daisy Jones & the Six (Prime Video)
Baseado no livro Daisy Jones & the Six, uma história de amor e música, de Taylor Jenkins Reid, a série brinca com o formato de documentário de música para contar a história dessa banda de rock dos anos 1970, descaradamente inspirada na história do Fleetwood Mac.
Succession (HBO Max)
Umas das séries que mais me fazem passar raiva chega agora à sua quarta e última temporada. Na verdade é uma baita série, porém o processo de sucessão da família Roy numa empresa de mídia jurássica e que precisa entrar no século 21 é próxima demais para quem viveu a vida em redações nas últimas décadas.
acabei de ler o Chuva de Papel e achei excelente (merecia uma capa mais bonitinha)