No sábado, no Cine Joia, acontece a primeira edição do festival Aonde. O que esse festival tem de diferente é que é a união de forças de 10 casas que abrem seus palcos para a experimentação: Associação Cultural Cecília, Estúdio Aurora, Porta, 74Club, FFFront, LAJE, Tectônica, Secilians Shop, Fun House e Centro da Terra (foto). Muitas delas frequentadoras assíduas desta Ladrilho Hidráulico. O line-up traz 7 bandas e 4 Dj sets que refletem o DNA de cada casa. A graça é justamente se aventurar pelo novo.
Já que eu falei dessas casas de shows, quero dar uma dica de uma newsletter que leio toda segunda: a Ao Vivo. Feita pelo Renan Dissenha Fagundes, traz um roteiro de shows da cidade, do mainstream ao underground.
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Para sair de casa
Para quem busca um pouco mais de aventura nos clássicos, de hoje a sábado e depois de quarta a sexta da semana que vem, o Municipal traz De Hoje Para Amanhã – Von Heute Auf Morgen, ópera cômica (e dodecafônica) de Arnold Schönberg, com libreto de Max Blonda.
Mais dentro do cânone, de hoje a sábado, na Temporada Osesp na Sala São Paulo, Thierry Fischer rege a orquestra com o pianista Steven Hough como solista. No domingo, Hough é a estrela da Festa Internacional do Piano também na Sala São Paulo. E, na segunda, a Osesp, regida por Thierry Fischer, leva duas peças de Haydn para o Teatro B32.
Hoje eu vou ver Alessandra Leão e Rafa Barreto levarem seu Punhal de Prata à Odette, com abertura de Meno Del Picchia. Mas tem muito mais rolando na cidade: Bicudos convida Douglas Germano na Casa de Francisca, Brisa Flow canta Violeta Parra no CCSP, Carlos Bala Quarteto no Teatro da Rotina, Felipe S no Sesc Vila Mariana, Marcelo Tofani no Picles, Orquestra Imperial tocando Rita Lee no Central 1926, Rafa Pinta + Luisa e os Alquimistas no Mundo Pensante e Walfredo em Busca da Simbiose no Bona.
Amanhã rola André Abujamra na Casa Natura Musical, Andrew Tosh no Tendal da Lapa, Anná convida Geovana no Sesc 24 de Maio, Banda Mantiqueira na Casa de Francisca, Batucada das Pretas no Miúda, Cronixta no Sesc Vila Mariana, Edi Rock na Audio, Höröyá convida Clarianas no Sesc Pinheiros, Manouche Jazz Quartet no Sesc Santo Amaro e Wado no Sesc Belenzinho.
No sábado, temViva Sargento! com Batuqueiros & sua Gente na Casa de Francisca, Charanga do França no Parque Villa Lobos, Cida Moreira cantando Sérgio Sampaio no Bona, Di Melo nas Sessões Flutuantes no Secilians Shop, Fabriccio no Sesc Belenzinho, Hermeto Pascoal & Grupo no Blue Note, Iara Rennó com participação de Moreno Veloso e Zé Manoel no Sesc Pinheiros, Jorge Aragão na Casa Natura Musical, Marechal no Tendal da Lapa, Maria Baldaia no Sesc Belenzinho, Unidos do Swing na Vila Itororó e Vitor Alcântara toca John Coltrane no Jazz B. No fim de semana tem ainda Maglore no Sesc Vila Mariana.
Domingo rola Andrew Tosh no CCSP, coruja bc1 na Casa Natura Musical, Curumim e Saulo Duarte no Sesc Bom Retiro, Encontro das Velhas Guardas - Talisma: Negro Maravilhoso! no Sesc Pinheiros, Garotas Suecas no Bar Alto, Lívia & Fred no Bona, Marcelo Callado e Rubinho Jacobina na Macondo, Maurício Pereira levando seu Micro, feito com Tonho Penhasco, ao Itaú Cultural desta vez com participação de Amilcar Rodrigues, e Messias Brito Trio, com Do Choro à Guitarra Baiana, no IMS.
Na segunda rola a última apresentação de Dinho Almeida na temporada Águas Turvas no Centro da Terra. Se não foi, não perderia. Terça tem ensaio aberto da Espetacular Charanga do França no Mundo Pensante, encontro entre Ênio Ixi e Zé Manoel no Centro da Terra e Duo Ana de Oliveira e Sérgio Raz no Instrumental Sesc Brasil, no Consolação. E na terça e na quarta rola Bixiga 70 na Casa de Francisca. Já na quarta, a boa é o choro do Cortando Cebola no Boteco da Dona Tati. Mas lá vale ir a qualquer dia que o samba é bom.
Pra quem é de pista, hoje tem festa de 12 anos do Hermes Artes Visuais na Associação Cultural Cecília, Akin Deckard no Domo. E sempre rola o DJ Nuts primeiro no Fatiado de graça, depois no Mundo Pensante. Amanhã rola Grau no N/A Club, Millos Kaiser no Matiz e Punk Reggae Party, de graça, no Porta.
No sábado, tem Baile do Avanço Lab 6 na Casa da Luz, Baile do Risca Fada no Mundo Pensante, CMV & Boiler Room Afterparty no Cineclube Cortina, Gabto, Carlim e Paulete Lindaselva no Lote, Magal no Matiz, Santo Forte no Fabrique, Selvagem! na Fábrica de Impressões e Xepa Sounds no Miúda. Já no domingo, a coisa mais legal é o Summit do Jazz Is Dead, no Central 1926, com uma série de conversas e discotecagens. E, no Ó do Borogodó, rola o festival Fica Ó, para tentar preservar a casa da especulação imobiliária.
Vai até outubro, na Cinemateca, no Cine Segall e na Casa Museu Ema Klabin a mostra cinEma: de Guttenberg a Zuckerberg. No CCSP tem ainda Cineclube Disgraça: Subterrâneos: Brasília e Ceilândia, no domingo.
Essa é a última semana para ver a montagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com o Grupo Oficina Multimédia, no CCBB. Amanhã estreia no Cemitério de Automóveis, Whisky e Hambúrguer, de Mário Bortolotto e, no Sesc Belenzinho, Quando o Discurso Autoriza a Barbárie, da Cia de Teatro de Heliópolis, Duas peças que valem ver no Sesc Ipiranga: Okama, com texto e atuação de Gabriel Saito e direção de Miwa Yanagizawa, e Selvagem, com texto de Mike Barlett e direção de Susana Ribeiro.
Quem ama dança está seguindo a bienal em Campinas, mas por aqui também tem coisa boa. Sábado tem ELO, de Igor Gasparini, no Sesc Bom Retiro. Na quarta estreiam, no Centro de Referência de Dança, dois trabalhos da Dentre Nós Cia de Dança: Cabeça, de Jeniffer Mendes, e Nada (,) de novo sobre o kaos, de Karen Marçal.
Bom, pra terminar essa parte, as exposições. Começo com a dica da minha amiga Myla Verzola: Myse en abyme, de Santarosa Barreto, na Delirium 2000. Abriu nesta semana no Sesc Pompeia a exposição de filmes e fotografias Silhueta em Fogo | terra abrecaminhos, da artista cubano-americana Ana Mendieta, acompanhada de uma coletiva com trabalhos de artistas que dialogam com sua obra. Ficam até 14 de outubro a coletiva Doisporzero, na Galeria Cavalo, e aindividual de Rodrigo Cass, libera abstrahere, no galpão da Forte D’Aloia e Gabriel. Já na Mendes Wood DM, vale conferir a coletiva Linhas Tortas. E, claro, vá ou volte à Bienal.
Discos
Música do Esquecimento, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (RISCO)
Segundo disco de uma das bandas paulistanas de que mais gosto da nova geração. É meio um disco anti-conceitual, experimentando muitos caminhos da canção, do rock, com uma leveza e uma ironia incríveis, e um som sempre seguro, rumando por trilhas tortas até desembocar no samba de Deus Tesão.
Babel, 131 (Matraca Records/YB Music)
Esse disco está aqui porque me intrigou. Não gosto dele todo, mas talvez seja isso o que mais me atrai. O duo formado pro Lumazin e Pedro Bienemann se atreve a falar muitas línguas pop, em muitos estilos diferentes, para construir um som globalizado, cantado em português, espanhol, inglês e, pasme, albanês. Curioso.
Tsuki, Satoko Fujii (Warm Winters)
Esqueça a capa Chico Xavier, essa pianista de Tóquio é incrível. Já conhecia seu trabalho com banda, mas me surpreendi com esses quatro temas para piano solo gravados ao vivo, que combinam composição e improvisação, mesclando jazz a la ECM e sons mais de vanguarda que aguçam os sentidos.
A Hauting in Venice, Hildur Gudnadottir (20th Century Studios)
Talvez hoje a cellista islandesa seja minha compositora favorita de trilhas sonoras. Mas se em suas últimas trilhas ela explorava mais as texturas eletrônicas e drones, nesta, para o filme de Kenneth Branagh, ela volta ao violoncelo e cria temas que flutuam entre a sensibilidade e o suspense.
Livros
Paraíso, Abdulrazak Gurnah (Companhia das Letras)
O principal romance do escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, vencedor do Nobel de literatura em 2021, com tradução de Caetano Galindo. O livro segue a história de um menino na África Oriental. Vendido por seu pai a um comerciante, aos 12 anos ele empreende uma viagem ao interior do continente nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Barulho - 30 Anos, André Barcinski
O livro original, lançado em 1992, trazia o registro de uma viagem aos Estados Unidos em 1991, auge do grunge, registrando o underground roqueiro de San Francisco, Los Angeles, Nova York, Chicago e Seattle. A nova edição traz uma segunda parte com 60 fotos inéditas, isso sem contar que todas as imagens foram tratadas de novo a partir dos negativos. É caro, mas vale.
Filmes
Elis e Tom, Só Tinha de Ser com Você, Roberto de Oliveira (cinemas)
Melhor filme brasileiro de música que vi neste ano, justamente por que foi feito por quem viveu de perto a tumultuada construção de uma das obras primas da música brasileira. As imagens de arquivo são sensacionais. Mas a narrativa construída ao redor delas é igualmente impactante.
Nosso Sonho, Eduardo Albergaria (cinemas)
Vou ficar na música nesta semana. Essa é a cinebiografia da dupla Claudinho e Buchecha, do mega hit dos anos 90 Fico Assim Sem Você. Contada da perspectiva de Buchecha, vai da amizade dos dois na adolescência, o sucesso com o funk melody, até a morte de Claudinho em um acidente de carro em 2002.
Séries
Sou de Virgem (Prime Video)
Tava sem ideia de série e pedi ajuda aos amigos. Ainda bem. Essa comédia dirigida por Boots Riley fala de um menino de quatro metros de altura que cresce protegido do mundo pelos pais em Oakland, na Califórnia. Usando sarcasmo e uma boa dose de nerdice, traz um olhar singular pro mundo dos heróis.
A Última Coisa que Ele Me Falou (AppleTV+)
Uma boa série curtinha de suspense, estrelada por Jennifer Gardner. Seu marido desaparece quando a empresa em que ele trabalha passa a ser investigada por fraude. Sozinha com sua filha adotiva, ela decide ir procurá-lo e a história vai ficando mais interessante à medida em que as investigações esquentam.
Voando pra São Paulo com fomo