São 15 anos com uma curadoria impecável de documentários de música. A edição deste ano do In-Edit Brasil começou ontem e vai até o dia 25 de junho, ocupando o CineSesc, a Cinemateca Brasileira, o CCSP, a SPCINE Olido, o Cineclube Cortina, a Associação Cultural Cecília e o Centro da Terra. A Gaia Passarelli, que faz o ótimo Guia Paulicéia aqui no Substack, selecionou 11 filmes que ela indica nesta edição. Eu assino embaixo dessa lista, mas vou deixar meus dois tostões: quero ver também Fausto Fawcett na Cabeça e Villa-Lobos em Paris, ambos na mostra competitiva brasileira, Chic Show, que está nas exibições especiais, além de curtir a ótima série The Beat Diaspora no cinema. Entre os gringos, quero ver CAN and Me, Fire Music, God Said Give 'Em Drum Machines (foto) e The Elephant 6 Recording Co. Se juntar com os da Gaía já dá uma listona. Mas tem um último que não poderia faltar porque foi um dos docs de jazz mais legais que vi na vida: Music for Black Pigeons.
Para sair de casa
Vou seguir no cinema, só que mais pop. No sábado e no domingo, rola Cine Autorama, drive-in de graça na USP Leste, só com blockbusters. E dá pra ir sem carro também.
Indo para as exposições, abre hoje no Mam Elementar: fazer junto, mostra que apresenta experiências poéticas realizadas pelo educativo e mais de 70 obras modernas e contemporâneas do acervo do museu, criadas por artistas como Caio Reisewitz, Claudia Andujar, Chelpa Ferro, OPAVIVARÁ, Jac Leirner, Laura Vinci, Marcius Galan, Motta & Lima, Regina Silveira e Tarsila do Amaral. Já na Casa do Povo, abre hoje TAIB - Uma História do Teatro, que fica em cartaz até 19 de agosto.
Vai até o dia 24, na Casa Contemporânea, A Volúpia da Cor, individual de Lourdes Colombo. E, no sábado às 11h30, acontece uma conversa com a artista e o curador Marcelo Salles. Até 7 de agosto os holandeses do Studio Drift ocupam o anexo do CCBB com mostra Vida em Coisas.
Na terça, abre no Sesc Pinheiros a exposição Retratistas do Morro, com 320 imagens dos fotógrafos Afonso Pimenta e João Mendes que trazem uma visão cultural, social e política da região do Aglomerado da Serra, ao Sul de Belo Horizonte, nos últimos 50 anos. Fica até 20 de novembro.
A partir de amanhã o espetáculo Mãos Trêmulas, escrito por Victor Nóvoa e dirigido por Yara de Novaes, começa uma temporada no CCSP que segue até 9 de julho. Também na sexta estreia no Aliança Francesa Camus e o Teólogo - Um Encontro Improvável, com direção de Clarice Abujamra. Já no Tuca Arena, voltou ao cartaz Anjo de Pedra, com direção de Nelson Baskerville.
Hoje tem a última apresentação de Antigona Interrompida, do Scottish Dance Theatre no Cultura Inglesa Festival.
No sábado, na Sala São Paulo, mais um dos Encontros Históricos com a Brasil Jazz Sinfônica, desta vez as convidadas são Alaíde Costa e Fernanda Takai. E na segunda por lá acontece um encontro de Paquito D’Rivera com o Trio Corrente.
Na temporada de concertos do Cultura Artística, na terça e na quarta, acontece o duo do pianista italiano Alessio Bax com o clarinetista austríaco Andreas Ottensamer na Sala São Paulo.
Mais música? Hoje tem Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo no Picles, Jair Naves no Bar Alto, Funmilayo Afrobeat Orquestra + Dessa Ferreira na Casa Natura Musical, Yaniel Matos convida Ceumar na Casa de Francisca e Curumim + Saulo Duarte no Mundo Pensante.
Amanhã rola Retrato + Mnth + Madrugada na Associação Cultural Cecília. Lembrando que por lá rola Silver Tape na terça. Sexta também tem Marcelo D2 e um Punhado de Bamba na Audio e Fabiana Cozza na Casa de Francisca.
Sábado tem Holger no Estúdio Aurora, Ná Ozzetti Trio com Dante Ozzetti e Mário Manga no Bona, Anelis Assumpção na Casa Natura Musical, Zé Manoel com Bruno Berle e Mariana de Moraes na Casa de Francisca, Zé Ramalho no Vibra. E domingo o Sisters of Mercy sai do escuro para o Tokyo Marine Hall.
Terça rola Tika no Centro da Terra e Afrojam SP convida Aurora Zion no Mundo Pensante. Terça e quarta tem Juçara Marçal na Casa de Francisca. E na quarta também tem Canções Velhas Pra Embrulhar Peixe convida Cida Moreira no Bona e Tassia Reis canta Alcione no Blue Note
Já no mundo Sesc hoje tem Brisa Fow no Consolação, Fernanda Abreu no Bom Retiro e Giovani Cidreira no Pompéia. Amanhã tem Ayô Tupinambá convida Linn da Quebrada e Alice Guél no Guarulhos, Uma Noite Para Maysa, com Alice Caymmi, Ayrton Montarroyos e Filipe Catto no Pinheiros e Zé Geraldo no Santo Amaro. Sexta e sábado rola Don L no Pompéia. Sábado tem ainda Siba Puri + Banda I_Migrant e Edivan Fulni-ô + Banda I_Migrant, ambos no 24 de Maio, além de Alessandra Leão, Isaar França e Karina Buhr no Pinheiros. E, na terça, o trio A Timeline no Consolação.
Pra dançar, hoje é dia de Pista Quente no Miúda, sexta tem Climinha do G no N/A, sábado rola Camaleoa na Balsa e depois a volta da Selvagem a São Paulo. Domingo tem From House to Disco no Lote.
Discos
Marginals (I), Thiago França, Marcelo Cabral e Tony Gordin (YB Music)
Tem um quê de arqueologia esse lançamento com algumas das sessões desse trio de jazz, mais de dez anos depois do fim do grupo. É o Thiago no sax, o Cabral no baixo acústico e o Tony na bateria. E a energia que emana dessas sessões de improvisação é furiosa, não à toa esse tipo de som é conhecido como fire music. Bem que podia rolar uma volta do trio para acompanhar esse lançamento.
Carnival Celestial, Alexander Hawkins Trio (Intakt Records)
Esse álbum do trio liderado há mais de 10 anos pelo pianista londrino traz um belo balanço entre composição e improvisação. Hawkins é quem vai abrindo os caminhos, tateando em branco e preto ora com delicadeza ora rompendo o cânone. A Neil Charles cabe manter a estrutura com seu baixo, enquanto a bateria de Stephen Davis oscila entre a manutenção e a demolição do ritmo.
Space Heavy, King Krule (XL Recordings)
Talvez o disco do King Krule que mais se aproxime dos formatos mais clássicos da canção, o que não quer dizer que seja uma acomodação ou que a gente possa esperar power chords e pentatônicas para harmonizar com a poesia de Archy Marshall. A busca é pelo encontro entre palavra e voz se dá através dos espaços criados por dedilhados esparsos e montanhas de reverb e delay. Quase como no dub, só que ecoando melancolia.
The Age of Pleasure, Janelle Monáe (Wondaland Procuctions/ Bad Boy Records)
Desde The ArchAndroid, Janelle Monáe passou a ser artista de R&B mais instigante para mim. A visão afrofuturista e a produção exuberante de seus álbuns são o melhor do pop. Isso dito, musicalmente esse é seu disco menos impressionante, porque tudo está muito dentro do cânone da black music. Ainda assim, ao se jogar num universo sexual, ela dá um outro sabor às composições. E quem não gosta de um pouco de picância? É tipo Janelle numa fase Letrux.
Livros
A Ninguém e Poesia Reunida (1991-2021), Miguel Sanches Neto (Patuá)
Uma bela oportunidade para entrar na obra poética do escritor paranaense, vencedor do Prêmio Cruz e Souza, mas mais conhecido por seus romances e crônicas. Seu livro inédito A Ninguém, de 2021, acaba expandido para esse volume que organiza pela primeira vez 30 anos de poemas.
Sambas de Enredo, Alberto Mussa e Luiz Antonio Simas (Civilização Brasileira)
Contar a história dos sambas-enredo é também contar a história do Brasil pelo olhar de quem se acaba na avenida. Os autores se debruçaram sobre 1324 sambas de enredo para destrinchar esse que é o mais brasileiros dos gêneros.
Filmes
Inaudito, Gregorio Gananian e Danielly O.M.M. (Mubi)
Numa semana de estreias fracas no cinema, e para casar com o clima do In-Edit, esse doc fala de uma das maiores lendas da guitarra brasileira: Lanny Gordin. A parte pitoresca do filme é levar Lanny a Xangai, na China, cidade onde nasceu.
Love to Love You, Donna Summer, Roger Ross Williams e Brooklyn Sudano (HBO Max)
Não haveria dance music como nós conhecemos hoje sem a rainha da Disco. Donna Summer, porém, transcende a música de pista, e a joia deste filme são as imagens caseiras, graças à sua filhas Brooklyn Sudano, que co-dirige o filme.
Séries
Os Outros (Globoplay)
Casado com um especialista em justiça restaurativa, comecei a ver essa série curioso para ver como evolui essa história de um conflito em um condomínio que sai do controle. Com um elenco excelente e um bom roteiro, tem dois episódios novos por semana.
Diamantes Brutos (Netflix)
Mais uma ótima minissérie belga. Passada da Antuérpia, tem como protagonista uma família de judeus ortodoxos que atua no mercado de diamantes. Uma série que trata do mercado de pedras, do crime organizado, mas seguindo essa família que tem uma história peculiar.