Salve, Jorge

Uma Ladrilho Hidráulico para curtir em casa

Enquanto acontece a excelente exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira 1964-1985, o site do IMS traz uma série de conteúdos complementares, que incluem o texto do curador Thyago Nogueira, o vídeo de abertura da exposição, além, obviamente, de uma seleta da imagens da exposição. Abrindo um pouco a lente, nessa página tem um tesouro escondido: as entrevistas feitas por Bodanzky para a revista Zum.

Discos

Forgiveness is Yours, Fat White Family (Domino Recordings)
A banda londrina liderada pelo vocalista Lias Saoudi chega ao quarto disco ampliando um pouco as balizas do rock. O disco começa climático, com The Archivist, mais poema do que canção, e vai flertando com outros estilos. Visions of Pain, em que a imprensa gringa vê uma espécie de jazz, é praticamente um roubo de Águas de Março com uma letra mais deprê. Mas no geral, entre belas linhas de synths e de guitarras, a banda se sai bem nesse novo álbum.

Novela, Céu (Urban Jungle Records)
Novela sempre aponta uma certa continuidade. No primeiro disco de ineeditas desde o delicado APKÁ!, Céu dá seguimento ao que faz de melhor, essa dança vaporosa entre o reggae e a música brasileira. Assim como no brilhante Tropix, acerta ao apostar em Pupillo junto com um gringo na produção, no caso Adrian Younge, metade do Jazz Is Dead.

Fearless Moviment, Kamasi Washington (Shoto Mas Inc./Young)

Um disco para quem entende o jazz como um contínuo que revisita muitos de seus momentos de pico. Em seu terceiro álbum autoral, o saxofonista americano faz a sua obra mais pop, mergulhando nos grooves, tem até parceira com George Clinton, mas também abraçando a canção. Tudo sem perder a urgência das composições instrumentais. Embora possa ser visto como um disco que presta homenagens aos grandes do gênero, em nenhum momento soa como pastiche.

Funeral for Justice, Mdou Moctar (Matador Records)
A banda do guitarrista tuareg fez um dos melhores shows da última edição do C6 Festival. Nesse novo disco, ele segue com sua guitarra que induz o transe e, assim como no lançamento anterior, tempera suas teias sonoras com letras políticas, que denunciam a situação da sua Níger natal, sem deixar de falar de amor e da vida cotidiana. Tudo feito com um som que deixaria Jimi Hendrix dançando no deserto.

Livros

Coleção Cesar Aira (Fósforo)
Cesar Aira é um dos mais prolíficos (e brilhantes) escritores argentinos, e a editora Fósforo vai lançar nada menos do que 17 títulos dele nos próximos 4 anos. Começa com esse box com 4 livros, que podem ser comprados avulsos também: O Vestido Rosa (1984), A Prova (1992), O Congresso de Literatura (1997) e Atos de Caridade (2014). O legal é que são livros bem diferentes entre si, que dão uma boa dimensão da amplitude narrativa de Aira. Se fosse começar por um só, iria de A Prova, com sua alma punk de alta voragem sexual.

Assim Nasceu uma Língua: sobre as origens do português, Fernando Venâncio (Tinta-da-China Brasil)
Se você leu Latim em Pó, do Caetano Galindo, e curtiu, muito provavelmente vai gostar de como o linguista português Fernando Venâncio reconta a história da última flor do Lácio, mostrando que as origens da nossa língua até podem estar em Roma, mas na realidade ela deriva muito mais diretamente do galego espanhol.

Filmes

Não Espere Muito do Fim do Mundo, Radu Jude (Mubi)
Um filme que toca com humor e uma boa dose de anarquia no binômio capitalismo tardio e cultura da internet. Passado em Bucareste na Romênia, mostra uma assistente de produção, cheia de trabalho e mal paga, que roda pela cidade atrás de personagens para um filme sobre segurança do trabalho.

A Cor Púrpura, Blitz Bazawule (Max)
Não sou dos maiores fãs de musical. Gosto muito do livro de Alice Walker, que conta a história de três mulheres negras que lutam contra o racismo nos Estados Unidos do século passado. Sendo bem sincero, gosto mais da versão de Spielberg, de 1985, do que essa adaptação que chega às telas via Broadway. Mas, se você suportar as músicas mais melosas, as interpretações são realmente boas.

Série

Um Homem por Inteiro (Netflix)
Inspirado no livro de Tom Wolf, a série tem toda pinta de adaptação de uma história real, mas é inspirada em personagens do mundo do mercado imobiliário de Atlanta. Além da história, que é incrível e cheia de humor, a série tem um elenco estelar liderado por Jeff Daniels.

O Véu (Star+)
Estrelado por Elisabeth Moss, e ambientada no Oriente Médio, esse thriller que terá um episódio por semana tem tudo para agradar que quem gosta de séries de espionagem: personagens duvidosos, locações na Turquia, Síria e Paris, uma personagem principal carismática. Moss vive uma britânica a serviço da uma agência francesa que precisa descobrir se uma mulher que surgiu num campo de refugiados sírio é ou não uma chefe do Estado Islâmico.

Podcast

You're Dead to Me
Nesse podcast da BBC, o historiador pop Greg Jenner recebe convidados, entre astros da comédia e outros estudiosos da história, para olhar para o passado com muito humor. Adoro o episódio sobre Mozart, com a musicóloga Hannah Templeton e o comediante David O’Doherty.