Como a cidade já praticamente entrou em recesso de fim de ano, as próximas edições vão olhar para o melhor do ano. Começo pela música, mas de um jeito um pouco diferente. Como eu falei muito de música o ano todo, resolvi chamar dez amigos que respeito muito para ele fazerem listas dos cinco discos de que mais gostaram neste ano. Valia qualquer estilo feito em qualquer canto deste mundo, desde que neste ano. Quem faz lista sabe que mais curta, mais cruel. Ainda assim, acho que eles se saíram bem. E a gente pode ter um panorama bem diverso da produção deste ano. Claro, acabei fazendo uma listinha no Spotify com as indicações deles para quem quiser ouvir todos juntos.
Como nesta semana não tem agenda aqui, vale ficar ligado no recém-criado Instagram da Ladrilho Hidráulico, onde devo dar algumas dicas pros próximos dias.
Acauam Oliveira
Alguns dos melhores artigos sobre música que publiquei quando editava a Bravo! foram escritos pelo Acauam, que, apesar de ganhar a vida como professor universitário de literatura, é um baita crítico de música, capaz de escrever bem tanto quando tem espaço, como no caso de ensaios como feito para Objeto Não Identificado: Caetano Veloso 80 anos, ou para o prefácio de Sobrevivendo no Inferno - Racionais MCs, quanto quando tem de ser direto no Instagram.
Xande Canta Caetano, Xande de Pilares (Gold Records/Uns Produções)
Negra Ópera, Martinho da Vila (Sony Music)
IBORU, Marcelo D2 (Pupila Dilatada)
Flying Chicken, Hamilton de Holanda (Sony Music/Brasilianos Produções)
Coração Bifurcado, Jards Macalé (Biscoito Fino)
Bônus: Belezas São Coisas Acesas por Dentro, Filipe Catto (Joia Moderna)
Acauam estava na dúvida entre os dois últimos. Conversamos e acho que, de certa forma, influenciei a sua decisão de optar pelo Jards, então achei justo com a Filipe dar esse bônus.
Alexandre Matias
Não lembro há quantos anos conheço o Matias, uns 20, chutaria. Sei que o leio desde a Play, um pouco antes de conhecê-lo de verdade. Mas nesses anos todos a pergunta que eu me faço é: a que horas ele dorme? Se ele não está escrevendo e fazendo vídeos para o Trabalho Sujo, está bolando as incríveis curadorias no Centro da Terra e no Picles, e ainda sobra energia pras festas Noites de Trabalho Sujo. No centro disso tudo, muita música boa.
Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua, Ana Frango Elétrico (RISCO)
7 Estrelas | quem arrancou o céu, Luiza Lian (RISCO)
That Feels Good, Jessie Ware (Universal Music)
NEKTAR, Ava Rocha (Ava Rocha)
GUTS, Olivia Rodrigo (Olivia Rodrigo/Geffen Records)
Barbara Scarambone
Uma das minhas fontes preferidas de novos sons é a fenomenal newsletter Boombop Indica. Pena que a Babee anda muito ocupada e não escreve uma nova edição desde outubro. Mas certamente em 2024 vamos ter newsletters incríveis. Enquanto elas não vêm, dá pra sacar um pouco do gosto impecável da Babee no X (que quando era legal chamava Twitter).
First Aid Kit, Big Blood (Ba Da Bing!)
Heavy Heavy, Young Fathers (Ninja Tune)
Divorce +, Girl and Girl (Sub Pop Records)
Secret Life, Fred again and Brian Eno (Text Records)
7s, Avey Tare (Domino Recording)
Carla Boregas
Eu adoro o som da Carla Boregas, semana passada tive a sorte de vê-la no seu duo com o Maurício Takara. Coisa rara, porque Carla passou boa parte do ano entre Berlin e a Suíça. Neste ano ela lançou seu solo Pena ao Mar, que é muito o tipo de som em que eu embarco.
Since Time is Gravity, Natural Information Society (Eremite Records)
Calisthenics, Institute for Certified Nomadic Illicit Sonic Practices (Seminal Records)
I Told Them…, Burna Boy (Spaceship/ Bad Habit/ Atlantic)
Solo for Tamburium, Catherine Christer Hennix (Blamnk Form Editions)
Catching Ghosts, Peter Brotzmänn, Majid Bekkas, Hamid Drake (Act Music/Vision GmbH/Co.KG)
Gaía Passarelli
Muito antes da excelente newsletter Tá Todo Mundo Tentando, com seu Guia Paulicéia, eu lia a Gaía no Rrraul para saber tudo o que eu tinha de saber sobre música eletrônica. Mas foi na MTV que descobri como a bom gosto dela ia por muitos caminhos diferentes, mas tudo muito fino. Desde então, eu que não sou bobo volta e meia estou aprendendo alguma coisa nova com ela.
My Back Was A Bridge For You To Cross, ANOHNI and the Johnsons (Rebis Music/Rough Trade)
Javelin, Sufjan Stevens (Asthmatic Kitty Records)
This Stupid World, Yo La Tengo (Yo La Tengo/Matador Records)
the record, boygenius (boygenius/Interscope Records)
Tracey Denim, bar italia (bar italia/Matador Records)
Gilberto Monte
Meu parceiro no Música Estranha, que se joga nas doideras, mas tá sempre atrás de um groovezinho Neste ano fez essa trilha incrível pro projeto Flecha Selvagem do Ailton Krenak, além de produzir alguns álbuns massa. O mais importante não é nada disso, o legal é que Gil é das pessoas com quem mais tenho trocado sons nos últimos meses.
O Paraíso , Lucas Santtana (Nø Førmat!))
Mata Grossa, Alzira E + Corte (Alzira E)
Bru._.Jo, Joana Queiroz Bruno Qual (YB Music)
Strands, Palle Mikkelborg, Jakob Bro, Marilyn Mazur (ECM Records)
Iroko, Omar Sosa, Tiganá Santana (Selo Sesc)
Juçara Marçal
Aqui eu sou tiete mesmo. Sem contar seu trabalho solo e com o Metá Metá, Juçara tem essa abertura fantástica para experimentar com outros artistas, desde jovens Mbé e Kadu Tenório e Anna Vis até parceiros como os Rodrigos Campos e Ogi. Tudo fica bom, e a gente ainda tem a sorte de poder ver ao vivo.
Música do Esquecimento, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (RISCO)
Coração Bifurcado, Jards Macalé (Biscoito Fino)
Aleatoriamente, Rodrigo Ogi (Rodrigo Ogi)
SCARING THE HOES, JPEGMAFIA + Danny Brown (PEGGY)
Mutations, Faizal Mostrixx (Glitterbeat Records)
Pérola Mathias
Neste ano mais gente pode ler a Pérola na Folha, mas eu não só gosto de seus textos do Poro Aberto, no Medium, como adoro o poder de síntese nas Resenhas Miúdas. Gosto de como ela é aberta, pode ir da nova canção brasileira às fritações improvisadas, sempre trazendo novidades.
Coração Bifurcado, Jards Macalé (Biscoito Fino)
Necromancy, Marcela Lucatelli, Lars Bech Pilgaard & Anders Vestergaard (Marcela Lucatelli)
7 Estrelas | quem arrancou o céu, Luiza Lian (RISCO)
FUGA, ÖMSA (Overseas Arists Recordings)
Atlântico, Misha Panfilov (Miraaž Records)
Romulo Fróes
Da minha geração, Romulo é o compositor que eu mais ouço. Mais do que isso, é o que mais ressoa, pelas letras, mas pelas melodias, pelos discos singulares, porque vai pro passado com a mesma facilidade com que busca soluções de agora para um conversa que se estabelece a partir do samba. É o Brasil via SP.
Pagode Novo, Rodrigo Campos (YB Music)
Como um Bicho Vê , Anna Vis (YB Music)
Música do Esquecimento, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (RISCO)
NEKTAR, Ava Rocha (Ava Rocha)
Coração Bifurcado, Jards Macalé (Biscoito Fino)
Thiago Cury
Criador do Música Estranha há 10 anos, amigo mais antigo desta lista, pianista, compositor, mas também produtor. Sabe tudo da composição contemporânea, dessa cena moderna que vem da música clássica com milhões de desdobramentos, mas também de música de teatro, arte sonora, e, um pouco de pop — porque ninguém aqui é de ferro.
Love in Exile, Arooj Aftab Viajy Iver (Verve)
Bru._.Jo, Joana Queiroz Bruno Qual (YB Music)
Orquestra Laboratório Bastet 2, Orquestra Laboratório Bastet (Locomotiva Records)
12, Ryuichi Sakamoto (KAB America)
Don't Say a Word, Annika Socolofsky + Latitude 49 (Annika Socolofsky)