Aproveitando a passagem do Dreams, a.k.a. Jesse Pimenta, por São Paulo, na sexta vai rolar uma noite pesada no N/A, uma espécie de showcase com os brasileiros selo inglês Apron Records. Além do Dreams (foto) , o Apron Takeover tem DJ sets do My Girlfriend, da KENYA20HZ, do Martinelli e live do Gawk, meu filho, o que justifica o título de hoje. Nepotismos à parte, a festa vai ser bem do jeito que eu gosto: um clube pequeno no centro, som bom, pista quente. Vamos? ****
Tem sido muito legal ver as pessoas chegando na Ladrilho Hidráulico. Esse foi um projeto que começou para amigos e ainda continua uma brincadeira bastante pessoal. Por isso decidi não ter uma conta da LH no Instagram, mas volta eu meia eu posto as dicas daqui na minha conta: @guiwerneck.
Para sair de casa
Abre no sábado, na Pina Estação, a exposição Pagã, de Regina Parra. Em um jogo entre literatura, artes cênicas e visuais, a mostra é toda construída ao redor de uma personagem em transformação. No próprio sábado, a artista faz duas performances no espaço, umas às 12h e outra às 15h.
Outra exposição que abre no sábado com performance é Arquipélago, de Flavia Renault, no Centro Cultural Correios São Paulo. Um projeto que reflete sobre refugiados. A performance acontece na abertura, às 15h.
Ninguém que goste de fotojornalismo pode ignorar o trabalho do Evandro Teixeira. Está em cartaz no IMS Evandro Teixeira. Chile 1973, com as fotos tiradas dias depois do golpe do Pinochet.
Agora para ver uma seleta de todas as galerias importantes do Brasil e de algumas de fora do país, não tem coisa melhor do que a feira SP-Arte, que abriu ontem e fica até domingo no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. E, neste ano, a feira promove a exposição Hélio Oiticica: mundo-labirinto na Casa SP-Arte.
Indo para o teatro, estreia na sexta no Sérgio Cardoso o espetáculo Até Quando Você Cabe em Mim? Idealizada por Katia Calsavara e dirigido por Juliana Sanches, a peça transita entre o real e o imaginário, enquanto quatro mulheres refletem sobre as angústias e os desafios da maternidade. Sextas, sábados e domingos até 16 de abril.
Ainda no tema da maternidade, no sábado e no domingo no Sesc Pinheiros tem o espetáculo de dança Uma Baleia Encalhada na Praia, com Julia Rocha dançando as músicas de Gustavo Galo, sob a direção de Andreia Yonashiro e Marion Hesser.
E na terça, no Garganta, tem a volta do Terça em Cena, com quatro peças curtas.
Na Cinemateca este é o último fim de semana da Mostra Cinema Brasileiro: das origens aos anos 1950. Se fosse escolher só um filme para ver, iria no domingo assistir ao precursor do Cinema Novo O Grande Momento, do Roberto Santos.
Na temporada Osesp, o jovem cellista britânico Sehku Kanneh-Manson é o solista de um programa com Mahler, Bloch e Mendelssohn-Bartholdy, e regência de Sir Richard Armstrong. De quinta a sábado na Sala São Paulo. No domingo, na programação da Festa Internacional do Piano, - FIP Clássica, dois irmãos: Sehku no violoncelo e Isata ao piano fazem Bridge, Chopin e Shostakovch.
Hoje no Picles tem um encontro antológico: Tatá Aeroplano e Luiz Thunderbird se juntam para tocar Jupiter Maçã. Já no Blue Note rola um encontro de guitarras: Lucio Maia convida Edgard Scandurra. Por lá, no domingo, vale ver o trio de samba-jazz Caixa Cubo.
Nesta semana a Casa de Francisca merece um cantinho só dela. Tem Banda Mantiqueira hoje e amanhã, a angolana Aline Frazão no sábado, Mariana Aydar e Fejuca na terça e Guinu na quarta.
Amanhã, na Associação Cultural Cecília, tem o lançamento de Micro Tonelada, de Barulho Max. Na Áudio, tem show de Luedji Luna, no Mundo Pensante, a Funmilayo Afrobeat Orquestra, no Esquina Lab, a Batucada das Pretas e, no Tendal da Lapa, Juçara Marçal.
No sábado tem os mineiros climáticos do Moons no Bar Alto, e Anvil FX no Porta.
A programação da Bananal tá bem legal em todos os dias, mas no domingo tem uma parceria com o selo Desmonta, com Sue, Marcos Felinto, Yantra, MNTH, Paola Ribeiros, Sarine e Kessy. No mesmo dia tem Jonathan Ferr com seu Liberdade, de graça, no Centro Cultural São Paulo.
E as segundas do Centro da Terra, em que um artista se arrisca em novos territórios com convidados, vão ser ocupadas por Jadsa. Nesta próxima com Giovani Cidreira, no dia 10 com Kiko Dinucci, no dia 17 com Josyara, Marina Melo e Marcelle Disconexa e, para terminar, no dia 24, com Alessandra Leão e Juçara Marçal. Não tem nada mais legal na cidade.
Agora aquele giro pelos shows do Sesc: hoje tem Juliana Linhares no Pompeia. Sexta e sábado tem Otto no Belenzinho. Por lá, na sexta também tem Paula Rebellato solo e sábado e domingo rola Ednardo. Sexta tem Xenia França no Pinheiros. Sábado é dia de São Paulo Harp Trio no Vila Mariana e Amaro Freitas Trio no Pinheiros e Bia Ferreira no Pompéia. No domingo, o Projeto Coisa Fina convida Hamilton de Holanda no Pinheiros. E, para terminar, na terça no Instrumental Sesc Brasil, quem vem ao país é o contrabaixista radicado nos EUA Nilson Matta.
Na sexta, uma festa que eu literalmente vi nascer, a Talco Bells, comemora 15 anos na City Lights Music Hall, com um line-up responsa: Elohim, Marky, Zegon e Nuts só tocando disquinhos de 7 polegadas. E, como o Prato do Dia está em reforma, sexta no vizinho Miúda rola um Prato do Dia All-Stars.
No sábado de tarde no Lote tem Cashu e Paulete Lindacelva. Ao mesmo tempo, no Central 1926, um ano de Pista Quente. De noite, tem Santo Forte no Fabrique. Pra quem é do funk, no sábado o Cineclube Cortina traz Paraisópolis para o centro da cidade com o baile da dz7.
Discos
After the Future, Tetine (Slum Dunk Music)
Sou fã do Tetine desde o começo do milênio, e é incrível ver esse duo se tornando um trio, com o ingresso de um integrante que de certa forma acompanha a dupla a vida toda: a violoncelista Yoko Afi. O cello muda a dinâmica, traz um elemento melódico importante e dá um novo balanço entre acústico e elétrico. Primeiro álbum do Tetine depois da pandemia, essas canções de certa forma trazem um clima de isolamento, mesmo quando são carregadas de escapismo.
Foi Tudo Culpa do Amor (Pérolas Populares Vol. 1), Barbara Eugênia (Saravá Discos)
Se tem uma coisa que eu sempre admirei na Barbara Eugênia foi o bom gosto. E aqui é justamente isso que ela entrega, uma seleção de músicas românticas com um filtro estético apurado. E a voz da Barbara, que é afinada mas bem mais contida do que dramática, funciona para deixar bem elegante esse conjunto de canções.
Kiren, Yasuaki Shimizu (Palto Flats)
Não tem coisa que me deixe mais feliz do que descobrir sons novos. E na última Boombop Indica, newsletter que eu super recomendo, veio a dica desse disco de jazz dançante japonês. Embora tenha sax, groove e batidas eletrônicas, está longe do clichê daquele sax ultra-glicêmico do pop oitentista. O mais legal é que resgata as gravações de um álbum perdido, registrado em 1984 por esse saxofonista cujo trabalho mais famoso é como The Saxophonettes.
Requiem for Jazz, Angel Bat Dawid (International Anthem)
Para mim, de todas as novas vozes do jazz, a mais poderosa é a de Angel Bat Dawid que, além de cantar, é uma baita clarinetista e compositora. Esse disco é seu trabalho mais ambicioso. Uma suite em 12 movimentos, em diálogo com o filme de 1959 The Cry of Jazz, de Edward O. Bland, mas também com a história de inovação do gênero. Um disco que coloca em perspectiva a questão negra nas narrativas sobre o jazz.
Livros
Dalton Paula, O Sequestrador de Almas, Dalton Paula e Lilia Moritz Schwarcz (Cobogó)
Reunião das obras desse artista visual que produz em Goiânia e tem uma obra que discute a ancestralidade negra a partir de viagens, conversas, fotografias e diários. Além dos trabalhos do artista, o livro traz um texto de Lilia Moritz Schwarcz que desvela o processo de trabalho de Dalton Paula e discute sua produção.
A Morte Também Aprecia o Jazz, Edmilson de Almeida Pereira (Fósforo Editora)
O novo livro do poeta mineiro traz a síncope para as palavras, evocando os sons da diáspora africana para abrir um diálogo poético com artistas de diferentes tempos e fazeres, sob a mirada sombria da morte.
Filmes
Noites Alienígenas, Sérgio Carvalho (Cinemas)
O filme produzido no Acre, vencedor do último festival de Gramado, mostra, através da história de três personagens da periferia de Rio Branco uma Amzônia urbana, que sofre com a a violência e as facções do crime organizado.
Triângulo da Tristeza, Ruben Östlund (Prime Video)
Quem segue a Ladrilho Hidráulico desde o começo sabe que já recomendei o vencedor de Cannes antes. Mas esse retrato ácido da riqueza, montado em três atos e temperado por crítica social que atualiza a luta de classes é meio imperdível. E agora chegou ao streaming.
Séries
Enxame (Prime Video)
Nova série criada por Donald Glover é dá um soco no estômago usando a cultura pop. Inspirada em eventos reais, mas sem se prender à realidade, a série discute ao mesmo tempo a cultura das celebridades e o comportamento odioso nas redes sociais, amparada em personagens fortes, roteiro bem ajustado e uma direção moderna,
Atlanta (Netflix)
Já que eu falei em Donald Glover, a Netflix acaba de colocar no ar a terceira temporada de Atlanta, série que ele criou e estrela, também usando a cultura negra e música para discutir as relações entre negros e brancos de forma inteligente e ácida. Curiosamente, esta terceira temporada já não se passa mais na cidade que dá título à série.