Se eu não fosse fugir da cidade no feriado, iria me jogar com certeza no Gop Tun Festival, que rola no sábado no Complexo do Canindé. São 20 horas de festa, com 4 pistas e 33 artistas que cobrem uma variedade grande da cena eletrônica de hoje.
O mais legal do festival é essa mescla de lives e dj sets de brasileiros. Não dá para esquecer que a gente tem uma das cenas eletrônicas mais incríveis de hoje. Mas festival também traz artistas de fora que a gente não vê muito por aqui, como os mexicanos Zombies in Miami, o technohead americano DVS1, a eclética Jasmine Infiniti, o duo Acemoma, e uma das que eu mais queria ver, a alemã Lena Willikens (foto). Isso só para falar de alguns.
Para o esquenta do festival, hoje no Lote rola uma noite com Ubunto, Kabulom, Suelem Mesmo, Zombies in Miami, Harari, Agrabah e Milos Kaiser.
Para sair de casa
Vai até 30 de junho na Dan Galeria, a exposição cor, forma, vibração do pioneiro venezuelano da arte cinética Jesús Soto.
Para quem gosta de exposições imersivas de verdade, poucas experiências se comparam a circular pelos ambientes criados pelo Team Lab. Impermanente Flores Flutuando em Um Mar Eterno está em cartaz até 21 de maio no Farol Santander.
E na terça, na Galeria Mario Cohen tem o lançamento do livro Em Desconstrução, de Gabriel Chaim, com uma conversa entre o fotógrafo, Mario Cohen e Fernando Costa Neto.
Com dramaturgia inspirada em Caio Fernando Abreu, Ana Cristina Cesar e Torquato Neto e música ao vivo, Na Beirada, em cartaz no Sesc Pinheiros, discute nossos anos de isolamento. A direção é de Cristiane Paoli Quito, com apresentações de quarta a sábado até dia 29.
Já no Tuca, Claudia Abreu faz o monólogo Virginia, escrito por ela a partir da obra da escritora Virginia Wolf. De sexta a domingo até dia 30.
No Oficina, começa amanhã Boca a Boca: Um Solo pra Gregório, de João Sanches, um monólogo com Ricardo Bittencourt a partir da poesia de Gregório de Matos .
E no Tusp estreia hoje a peça Um Memorial para Antígona. Dirigida por Vicente Antunes Ramos, ela mescla o período da Lei da Anistia, na transição entre a ditadura e a democracia, com as personagens do texto grego. De quinta a domingo, até 14 de maio.
Além do teatro, quem ficar na cidade no feriado tem ótimas opções de filmes para ver. Além do festivais É Tudo Verdade e Sesc Melhores Filmes, que falei na última newsletter, começa no sábado no CCBB a Mostra de Cinema Árabe Feminino, com sessões até 14 de maio.
Na temporada da Osesp, nesta semana a orquestra é regida por Kevin John Edusei e recebe o violinista Ning Feng como solista. No programa, Li Huanzhi, Beethoven, Ligeti e Janåcek. De hoje a sábado.
Já no Theatro São Pedro, continua na sexta, no domingo e na quarta a montagem da ópera O Rapto do Serralho, de Mozart, e, na segunda, rola um dia mais pop com o Candelight: 100 Anos da Warner Bros.
Se der sorte de conseguir um ingresso, hoje rola The Brian Jonestown Massacre no CIne Joia, que amanhã traz o Àttøøxxá. Já na Casa de Francisca, hoje é dia de Siba. Já no Centro Cultural São Paulo, BNegão canta Dorival Caymmi.
No sábado, no Blue Note, tem Azymuth fazendo uma homenagem ao genial Mamão, que nos deixou nesta semana. Ainda no sábado, Jair Naves toca na Associação Cultural Cecília, Luisa e Os Alquimistas fazem show no Mundo Pensante e, na Sala São Paulo, tem Jazz Sinfônica recebendo Céu e Vanessa da Mata.
Antes de entrar na tradicional seleta da programação do Sesc, uma pausa para o Choraço 2023, que rola no 24 de Maio, com shows, rodas e palestras.
Hoje e amanhã Aláfia lança o álbum Além do Lá no Pompéia e sexta, no Campo Limpo, rola o jazz do Conde Favela Sexteto.
Sexta e sábado no Ipiranga tem Pérolas Negras, com um trio poderoso formado por Zezé Motta, Alaíde Costa e Eliane Pittman, já no Pompéia, outro encontro das antigas: Golden Boys, Evinha e Trio Esperança.
De sexta a domingo, Zizi Possi se apresenta no Belenzinho e Chico César e Geraldo Azevedo fazem show juntos no Vila Mariana. No sábado, rola ainda Samuca e a Selva no Pompéia e, no domingo, Donatinho no Ipiranga.
E a violonista Cristina Azuma é a convidada do Instrumental Sesc Brasil, terça no Consolação.
Discos
Leon, Dom La Nena (Sabia)
Leon foi o nome que a violoncelista gaúcha radicada na Europa deu a seu primeiro instrumento. Em seu quarto disco, ela volta a ele. As dez composições do álbum, gravadas em duas semanas de isolamento tendo Leon como companhia, são um testemunho dessa relação de amor e, embora evoquem uma certa melancolia, se mostram altamente líricas, mesmo quando tocam em territórios assombrados como em Longe, minha preferida.
Domestic Sphere, Josephine Foster (Fire Records)
Uma guitarra elétrica e uma voz que atravessa o tempo. O novo disco da cantora americana radicada na Espanha é de uma simplicidade enganosa. Sua trama de canções evoca o cotidiano ao mesmo tempo que busca uma comunhão invisível com o mundo natural. Isso por meio do casamento de sua voz com a guitarra, deixando o ambiente invadir sutilmente as composições. Um disco que pega o que é familiar e transforma em uma joia essencial.
Problemão, Do Amor (Balaclava Records)
Desde o primeiro disco, eu adoro o jeito como o Do Amor constrói suas canções com uma pegada obviamente roqueira mas com um profundo entendimento da música brasileira. Mas não são apenas os arranjos, sempre inventivos, e a produção impecável que me capturam, eu gosto muito do humor da banda, dessa leveza carioca que transpira nas letras. Essa coisa de não precisar ser sério para ser bom, uma antítese do compositor do Complexo de Épico, do Tom Zé.
Crustal Movement, KAZE & Ikue Mori (Atypeek Difusion/ Circum-Disc)
Novo encontro entre a eletrônica de Ikue Mori e o jazz moderno do quarteto formado por Christian Pruvost e Natsuki Tamura nos trompetes, Satoko Fujii no piano e Peter Orins na bateria. Como esse quarteto colaborativo é formado por dois japoneses e dois franceses, o disco foi feito trocando arquivos pela internet, numa mistura entre música pré-gravada e performance ao vivo. Se é tão bom feito desse jeito, imagina ver os cinco no mesmo palco?
Livros
Corpos que Importam, Judith Butler (N-1 Edições)
Nova edição desse livro que já é um clássico da filósofa. Aqui ela parte da palavra “matter” em inglês para pensar uma série de desdobramentos sobre a sexualidade contemporânea, tocando em questões próprias do sexo, da heteronormatividade, da representação e da política. Isso numa edição caprichada e com desconto neste mês.
Realejo de Vida e Morte e Realejo dos Mundos, Jocy de Oliveira e Adriana Lisboa (Relicário)
Um livro escrito a quatro mãos, que nasce do encontro de duas mulheres inquietas: do lado da música a pioneira da eletrônica Jocy de Oliveira, do lado da literatura, a romancista Adriana Lisboa. Adriana se inspira na peça multimídia de Jocy, Realejo do Mundos, de 1987, para escrever seu romance, e Jocy retribui a homenagem criando o roteiro Realejo da Vida e Morte.
Filmes
Pará’i, Vinicius Toro (cinemas)
Um filme sobre a busca de identidade a partir da história de Pará, uma menina Guarani da aldeia do Jaraguá. Desde que se encanta com um milho guarani todo colorido, a menina começa uma série de questionamentos: por que é diferente de seus colegas de escola, por que fala português, por que seu pai frequenta uma igreja evangélica?
1976, Manuel Martelli (Netflix)
Baseado em uma história real, o filme se passa obviamente nesta época em que o golpe de estado já está consolidado no Chile, mas ainda há focos de resistência à ditadura de Pinochet. Olha para esse período de uma perspectiva bem particular ao contar a história de uma dona de casa da elite chilena que vê sua vida mudar ao dar abrigo a um homem ferido. Um bônus é a trilha de Mariá Portugal.
Séries
The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video)
É feriado e o meu humor está mais para a comédia. Acaba de sair a quinta e a última temporada dessa série que fala da luta de uma dona de casa judia para se tornar uma comediante nos fim dos anos 1950. Seguindo a mistura de humor, feminismo e crítica social na medida certa, essa última temporada ainda inova com alguns bons flash forwards.
Barry (HBO Max)
Também chega a última temporada essa série que tem um humor bem peculiar ao retratar esse personagem bem desajustado: um matador de aluguel que se apaixona pelo teatro. Como passa na TV, os episódios ainda estão saindo. Mas, sem dar spoiler, a temporada começou melhor que a última.