Ocupando diversos espaços no Sesc Belenzinho, abriu ontem a exposição Dos Brasis: arte e pensamento negro, explorando sete núcleos temáticos, a partir da obra de 240 artistas e coletivos negros de todo o país. A curadoria é de Igor Simões, em parceria com Lorraine Mendes e Marcelo Campos. Uma coisa bem legal é que, para chegar ao resultado, foram ouvidas pessoas que trabalham com arte e cultura em Sescs de todos os cantos do país. Com obras que vão do século 18 até hoje, a mostra reúne pinturas, fotografias, esculturas, instalações e videoinstalações. A obra que ilustra essa edição é Quando Será a Minha Travessia?, criada por Guto Oca no ano passado. A exposição fica até o começo do ano que vem no Belenzinho, e a ideia é que rode o país nos próximos 10 anos.
A Ladrilho Hidráulico é gratuita, mas você pode dar uma força na produção dela. Basta clicar no botão abaixo e mudar para uma das opções de assinatura paga. Se você está se sentindo generoso, hoje é meu aniversário. ;)
Para sair de casa
Falei da mostra como um todo na edição da Ladrilho Hidráulico da semana passada, mas queria indicar uma coisa especial dentro da Mestre de Obras. Marcia Xavier faz hoje hoje às 19h30 na Marli Matsumoto Arte Contemporânea a performance Abismo de Bolso, em que canta parcerias suas com Arnaldo Antunes.
Duas exposições bacanas abrem hoje: com trabalhos impressos e em vídeo, a Zíper Galeria traz Pulso Polar, de Bruno Borne, e a Raquel Arnaud inaugura Quadro Negro, de Julio Vilani. Fica até outubro na Capela do Morumbi a individual de Thiago Honório, Texto. E abre na quarta, na Galeria Vermelho, a nova edição da Verbo, mostra dedicada à performance, com artistas de diferentes partes do mundo e curadoria de Marcos Gallon e Samantha Moreira.
Para quem gosta de teatro e de dança, este é um mês especial. O Palco Giratório recebe 14 espetáculos produzidos por Sescs Brasil afora em diversas unidades da capital. Nesta semana, vale ver Provisoriamente Não Canteremos o Amor, com a Traço Companhia de Teatro, no Sesc Avenida Paulista, e o espetáculo de dança Ninho, com a bailarina e coreógrafa do Tocantins Liu Moreira, no Sesc Santana.
A peça Dos Prazeres, escrita por Ivan Marsiglia e dirigida por Ivan Andrade, volta ao cartaz renovada a partir de sexta no Sesi. E, na terça, tem a última apresentação de Ossada, de Ester Laccava, no Cemitério de Automóveis. No Centro da Terra, nas próximas duas quintas e sextas, Maiara Roquetti apresenta o solo de dança Arranha-Céu.
Fica em cartaz até domingo no Centro Cultural São Paulo a mostra Curtametralha: Cinema e Ação. E segue até domingo na Cinemateca Brasileira a mostra 1973 — 50 Anos Depois. Já no IMS, começou neste mês a mostra Arquivos, Vídeos e Feminismos: O Acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir.
Me dá um ânimo quando vejo a turma do erudito sair do classicão. Sexta e sábado, a Orquestra Sinfônica do Municipal, regida pelo americano William Eddins, arrisca até tocar uma compositora viva: Jocy de Oliveira, além de Ligeti e Varèse, com a soprano Gabriela Geluda. No Theatro São Pedro, esta é a última semana para ver a ópera A Raposinha Astuta, de Janáček. Já na Sala São Paulo, o pianista Sergio Tiempo é o convidado da Osesp nesta semana, que é regida por Roberto Minczuk. E, por lá, sábado tem edição jazz da Festa do Piano, com o encontro entre Hércules Gomes e Nailor Proveta.
Seguindo rumo ao pop pero no mucho, hoje tem os argentinos da Las Ligas Menores com abertura do Bike no Cineclube Cortina. Na Associação Cultural Cecília rola Formação: Reforma #6 com Paula Rebellato, Mariá Portugal e Bernardo Pacheco + Paola Ribeiro, Flávio Lazzarin e Isadora Prata.
Hoje e domingo, no Bananal, Anelena Toku, Sanara Rocha e Thainá Oliveira apresentam os resultados da residência artística que fazem dentro do festival Chiii, que segue até domingo. Já na Casa de Francisca, na quinta e na sexta, tem 40 anos de Clara Crocodilo, com Arrigo Barnabé com a Banda Sabor de Veneno. Imperdível.
Na sexta, o Pato Fu celebra 30 anos de existência na Audio, rola ainda Nomade Orquestra no Mundo Pensante e Persie e Malu cantando brega no Picles. E, de sexta a domingo, tem Liniker na Casa Natura Musical. No sábado, a banda de música nórdica Yön comemora um ano de existência no Porta, tem ainda Tati Quebra Barraco na Audio, Bebé Salvego na Vila Itororó, Blitz no Tokio Marine Hall e Livia Mattos Trio na Casa de Francisca. Para fechar o fim de semana tem Bemti no Bar Alto.
Na segunda começa uma nova temporada no Centro da Terra, desta vez com a genial mercenária Sandra Coutinho. Também no Centro da Terra, na terça, rola o encontro de dois gigantes da guitarra: Lúcio Maia e Kiko Dinucci. No mesmo dia, tem Zé Manoel no Bona. E, de terça a quinta, Zeca Baleiro faz shows na Casa de Francisca, cada dia com convidados diferentes.
Indo para o mundo Sesc, começo hoje dois shows no Pompeia: Bufo Borealis com improvisação até nas projeções e Maciel Salú lançando Ogum. Sexta tem Lirinha no Vila Mariana, Castello Branco no Guarulhos, Duo Àvuá no Pompéia e Filosofia Reggae no Santo Amaro. Sexta e sábado rola Leila Pinheiro com Roberto Menescal no Pinheiros, Moacyr Luz e Eduardo Gudin no Belenzinho e Roberta Sá no Pompéia. Sábado é dia de Nelson Triunfo no Bom Retiro e Ian Wapichana no Campo Limpo. Sábado e domingo rola Sá e Guarabyra no Pompéia, e o lançamento do disco Wilson Batista - Eu Sou Assim, com Filó Machado, Ilessi, Rodrigo Alzuguir e Marcos Sacramento no Vila Mariana. Domingo, no Pinheiros, acontece um Tributo A Theo de Barros com Alaíde Costa, Tatiana Parra, Renato Braz e Dino Galvão Bueno.
Para entrar em agosto na pista, sexta tem Pista Quente na Casinha, clima latino com a ¡súbete! no Cineclube Cortina, além de Freak Chic na D-Edge com o duo francês Chicks Luv Us. No sábado, começando de tarde, rola FreeBeats no Miúda, Funkey na Balsa, a festa da Espetacular Charanga do França no Cineclube Cortina, Eli Waza B2B Young Clubber e Nana Kohat no Lote e Baile do MP convida La Guacamaya no Mundo Pensante. Já no domingo a boa é a Mocada, com Linda Green, Ney Faustini vs Reizko, Kessy, Pr.a.do e Tripmod, no Lote.
Discos
River Said, Maxine Funke (Disciples)
A artista neozelandesa vem da linhagem do folk mais indie. Nesse disco, as primeiras canções, lindas, seguem esse caminho, pontuadas por violão e órgão. Mas o legal mesmo são as últimas faixas, em que ela experimenta com violoncelo, gravações de campo e efeitos, criando paisagens incríveis.
Black Elvis 2, Kool Keith (Mello Music Group)
O Black Elvis original, de 1999, é desses discos seminais do hip hop eletrônico, com Keith entregando não só letras potentes como um som que ninguém fazia na época. Voltar a ele, mais de 20 anos depois, é curioso, mas faz sentido. Quase não existe mais disco de hip hop ou trap que não tenha um forte componente eletrônico, mesmo assim o rapper de Nova York mostra que ainda consegue ter uma voz única e um senso impecável de produção e criação de beats.
Other Doors, Soft Machine (Dyad Records)
Um disco do Soft Machine é sempre algo que vale a pena visitar. Claro que não tem ninguém da formação original, mas aqui rola a turma que levou à frente o som dos pioneiros da psicodelia a partir do meio dos anos 1970: John Erstwhile na guitarra, Theo Travis nos sopros e Fender Rhodes, o baterista John Marshall. Até o baixista Roy Babbignton, que estava aposentado, toca em duas faixas. A vibe é de jazz rock, não tem nada de muito novo, mas é massa. Ele não está aí para ouvir porque o Substack não está mais fazendo embed do Spotify. Fuéin...
7 Estrelas, Luiza Lian (RISCO)
O que tem de curto, tem de potente o novo disco da Luiza Lian. Não dá para deixar de lado a perspectiva feminina forte das letras, mas, para mim, o mais interessante são os caminhos da construção do resultado sonoro. Enquanto as canções guardam uma essência extremamente brasileira, há um diálogo muito fértil com o melhor do R&B contemporâneo. Quero dizer que tem um lado meio Frank Ocean passeando pelo Brasil. É Luiza Lian arando um terreno estético fértil, mesclando profundidade e sensibilidade pop.
Livros
Supersônica
Hoje a seção de livros vai ser um pouco diferente. Supersônica é uma editora nova e mais refinada de audiolivros, isso porque prima por dar vida às obras a partir de uma interpretação especial feita por atores. Fora isso, traz uma seleção incrível de títulos: indo de escritores clássicos, como Joyce e Machado de Assis, a contemporâneos incontornáveis como Annie Ernaux e Marinele Felinto.
Rituais da Complexidade, Fernando Velázquez (campanha)
Um dos artista que mais admiro, o uruguaio radicado no Brasil Fernando Velázquez, abriu uma campanha de financiamento coletivo para a realização do livro Rituais da Complexidade, que, além de compilar seus trabalhos, nos convida a pensar criticamente as fronteiras entre arte, ciência e tecnologia a partir de um olhar crítico para as suas criações.
Filmes
Môa, Raiz Afro Mãe, Gustavo McNair (cinemas)
Documentário que conta a brava história de Môa do Katendê, músico e capoeirista assassinado em 2018 por não ter votado no candidato certo, na visão de seu assassino, Paulo Sérgio Ferreira de Santana.
Medusa Deluxe, Thomas Hardiman (Mubi)
Falei desse filme aqui quando estava no cinema, agora chegou ao streaming. Apesar da trama relativamente simples — um cabeleireiro é morto em um concurso de penteados, e os participantes tentam descobrir o assassino durante uma noite —, o filme de baixo orçamento, que dividiu a crítica, traz para mim um novo vigor para o gênero do suspense investigativo.
Séries
Amor e Morte (HBO Max)
Estou passando meu aniversário na Argentina e não consegui ver séries novas nesta semana. Então vou dar uma dica da minha mãe. Se a gente não confiar em mãe, vai confiar em quem? Trata-se de uma série baseada em fatos reais em sete episódios sobre um caso amoroso que acaba dando muito errado.
Good Omens (Prime Video)
Começou agora a segunda temporada dessa série criada a partir da obra de Neil Gaiman em que um anjo e um demônio precisam unir forças para evitar o fim do mundo, resultado da vinda do anticristo à terra.