A partir desta semana, o principal museu de São Paulo é tomado pela arte dos povos originários. Duas exposições e uma programação na sala de vídeo do Masp nos dão a oportunidade de descolonizar o olhar diante da arte indígena contemporânea. A primeira exposição é Mirações, que traz obras que derivam da experiência de alucinações visuais a partir do uso da ayahuasca, feitas pelo coletivo Movimento dos Artistas Huni Kuin, formado em 2013 no Acre (foto). A segunda, Árvore da Vida, reune pinturas da artista de Roraima Carmézia Emiliano, que representa a cultura macuxi em sua obra. Já na sala de vídeo é possível assistir a filmes do Coletivo Bepunu Mebengokré, como Menire Djê (2019) e Mê’Ok: Nossa Pintura (2014). Todas as exposições ficam em cartaz até junho.
Para sair de casa
Sábado abre a individual do Jaca na Choque Cultural, que leva para a galeria as suas novas pinturas.
Na coletiva Irrealidades Visíveis uma série de artistas ressignificam as relações com antigo prédio da Telesp, no centro de São Paulo, o reintegrando por novos olhares e relações com espaços. Vai só até domingo.
Na Medes Wood DM, está em cartaz até o meio de maio Human Nature, individual do pintor inglês Alvaro Barrignton.
Indo para o teatro, no Sérgio Cardoso fica em cartaz até o dia 28 o monólogo O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho, com o ator Gilson de Barros. É a segunda parte de uma trilogia sobre Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, criada pelo ator com o diretor Amir Haddad.
Já no Aliança Francesa, volta a peça Delírio a Dois, de Eugene Ionesco, com Maria e Gabriel Manetti e direção de Marcelo Lazzaratto.
E vão só até o dia 7 de maio as sessões do espetáculo Vingança Voyeur, do Núcleo de Criação do Pequeno Ato, com direção de Pedro Granato. Quem for ver acaba participando da trama que percorre o centro antigo, saindo do bar Salve Jorge. Para assistir, é recomendado levar o celular carregado com o Zoom instalado, fone de ouvido e ter um plano de 4G.
Na quarta acontece o primeiro dos três ensaios abertos da Popópera Transatlântica, do Coletivo MEXA, na Casa do Povo. A ópera revisita a dance music dos anos 90, mesclando histórias pessoais do grupo ao texto clássico da Odisséia, de Homero.
Vai até dia 7 de maio na Cinemateca Brasileira a mostra Cinema Alemão: Novas Direções, com 13 longas e 6 curtas.
Indo para o mundo clássico, na temporada da Osesp a orquestra é regida pelo francês Pierre Bleuse e tem como solista pianista australiano Alexander Gavrylyuk. No programa, Prokofiev e Tchaikovsky. De hoje a sábado.
Tchaikovsky também é o compositor escolhido para o Candlelight de sábado no Theatro São Pedro.
Já na Praça das Artes, na sexta tem a anarquia experimental da Anarquestra Liberta-Som. Já no sábado, a mais tradicional Orquestra Experimental de Repertório apresenta duas peças de Mozart com Bruno Miranda na flauta e regência de Guilherme Rocha.
Hoje tem Mombojó no Mundo Pensante, Pélico no Picles e Roberto Mendes na Casa de Francisca. Por lá na sexta e no sábado rola o show novo da Assucena e, na quarta, Dani Nega convida Alessandra Leão e Juçara Marçal.
Na sexta tem Brisa Flow no Tendal da Lapa. Sábado rola Noite Escura, na Associação Cultural Cecília, com Lei Di Dai, Todomundo, Ascalapha e Felinto. Já no fim de semana Simone está voltando, desta vez ao palco do Tokio Marine Hall.
No domingo tem Edy Star só com piano no CCSP, International Jazz Day no Blue Note, com Banda Mantiqueira e Joabe Reis Sexteto, e Favela Jazz Festival, só com mulheres como Izzy Gordon Quinteto, Vera Figueiredo Trio, Sintia Piccin Sexteto Lady Bird Quartet e Funmilayo Afrobeat Orquestra. E, na terça, no Centro da Terra, Meia Banda + Tori, com o show Murmúrios.
No mundo Sesc, continua a programação do Choraço, no 24 de maio. Hoje e amanhã tem Bebel Gilberto e Guilherme Monteiro homenageando João Gilberto, no Vila Mariana, e Maria Gadu no Pompéia. Amanhã também rola Lívia Matos no Bom Retiro, além de Bloco do Caos com participação de Russo Passapusso e Livia Nestrovski com Fred Ferreira no Belenzinho.
Na sexta e no sábado tem MC Tha no Santo Amaro e, de sexta a domingo, João Bosco em Guarulhos. Na segunda, tem Ana Cañas em Interlagos, Tribo de Jah em Itaquera, Zé Manoel no Belenzinho, Pagode da 27 no Avenida Paulista e Panorama do Choro com Toninho Ferragutti no Ipiranga.
Já no Instrumental Sesc Brasil, na terça, tem Gabriel Grossi Quinteto. Para terminar, na quarta, no Pinheiros, Cacá Machado convida Anays Silla.
Para quem é de festa, sexta tem Pista Quente no Porta e, no sábado, Funkey na Balsa, com Zegon, Orel e Elohim.
Discos
Relicário: João Gilberto, João Gilberto (Selo Sesc)
Gravado ao vivo na inauguração do teatro do Sesc Vila Marina em 1998, é mais um disco lindo de um show do mestre da bossa nova, com uma gravação excelente. Tem clássicos como Rosa Morena e Doralice, mas a pérola é a gravação inédita de Rei Sem Coroa, imortalizada na voz de Francisco Alves, e aqui feita daquele jeitinho cool.
Flying Chicken, Hamilton de Holanda Trio (Sony Music)
Trio incrível liderado pelo bandolin de Hamilton de Holanda, com Salomão Soares no piano e Big Rabello na bateria. É o melhor exemplo de aproximação do jazz com os ritmos brasileiros, uma festa para os sentidos, em que todos os músicos são absolutamente mestres do seus instrumentos, mas usam isso em favor da fluência da música, não do exibicionismo.
Fuse, Everything but the Girl (Buzzin’ Fly Records)
Nem parece que se passaram 24 anos desde o último álbum de Tracey Thorn e Ben Watt. Sou desses que curtia muito a fase bossa cool do Eden, nos anos 80, mas pirei quando eles foram para a eletrônica nos anos 90. Eles voltam de onde pararam, fazendo um som rico, sempre refinado nos arranjos, com uma pegada meio downtempo que dá uma saudade daquele momento em que parecia que o futuro tinha chegado.
Strega Beata, Lana Del Rabies (Gilgongo Records)
Tava tudo muito bonito até agora. Então está na hora de dar uma guinada para o mundo mais experimental e dark com o terceiro disco desse projeto solo da artista multimídia americana Sam An. Embora tenha elementos de noise, é um disco mais preocupado em criar uma arquitetura que deixe o escuro entrar do que ir para o confronto e furar os tímpanos. Eu achei bem bonito na verdade, nesse claro escuro que o título em latim, bruxa abençoada, sugere.
Livros
Braxília: Não Lugar, Nicolas Behr (Fósforo)
Eu tenho amado as edições do Circulo de Poemas. De certa maneira me lembram os livros de poesia da Nova Fronteira que me formaram na adolescência. Mas falando deste livro: um dos nomes da poesia marginal brasileira transforma a capital do país numa "Passárgada distópica".
Salvar o Fogo, Itamar Vieira Junior (Todavia)
Não deve ser nada fácil lançar um livro depois do sucesso de Torto Arado. Neste novo romance, passado no interior da Bahia em uma comunidade afro-indígena, o protagonista é Moisés, órfão de mãe que mora com seu pai e uma irmã. O livro se constrói a partir dos laços de afeto da família.
Filmes
Jair Rodrigues: Deixa que Digam, Rubens Rewald (cinemas)
Depois de passagem pelo É Tudo Verdade e pelo In-Edit, chega aos cinemas o documentário sobre um dos grandes mestres do swing no samba, Jair Rodrigues. O legal é que fala tanto do sucesso estrondoso de seu começo de carreira como dos anos em que ficou esquecido, até voltar a produzir com seus filhos.
Império da Luz, Sam Mendes (Star +)
Mais um indicado ao Oscar que chega ao streaming. É outro desses filmes que são uma declaração de amor à sala de cinema como local de encontros e desencontros. Conta a história por meio das personagens que trabalham em um cinema no sul da Inglaterra nos anos 1980.
Séries
Conexões (Apple +)
Hoje eu vou dar duas dicas para matar no feriado. A primeira é essa produção original da Apple, estrelada por Eva Green e Vincent Cassel. Apesar do título ridículo em português, é um suspense de ação bacana, que se passa na Síria, na França e na Inglaterra. Mesmo sendo uma série com um roteiro mais padrão, é muito bem dirigida e bem filmada. E prende pra valer.
A Diplomata (Netflix)
Também com um tema politico atual, essa outra série é mais na linha de bastidores do poder. É bem tradicional do ponto de vista de roteiro e filmagem, mas tem uma premissa bastante interessante, trabalhando as questões geopolíticas que envolvem Oriente Médio, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia, com uma ótima trama palaciana.
quantas saudades de São Paulo!