De amanhã até domingo, o C6 Fest ocupa o Ibirapuera com a melhor programação musical do ano até agora. Herdeiro do Free Jazz e do Tim Festival, tem uma antena para o novo sem deixar de lado aqueles artistas que valem a pena ver sempre, como Kraftwerk, que estreia um show novo no festival, e Caetano Veloso. Será dividido em quatro espaços. Uma tenda com os shows dos artistas que apontam novos caminhos, como Dry Cleaning, Mdou Moctar e Weyes Blood. O Auditório fechado para os shows que exigem o máximo da atenção, como os de Nubya Garcia, Samara Joy e dos meus preferidos do line-up, The Comet Is Coming (foto). O Auditório voltado para o parque para quem arrasta multidões, com a noite eletrônica imperdível de Model 500, Kraftwerk e Underworld e o domingo brasileiro com sons de 1973 curados por Kiko Dinucci e Juçara Marçal, Gal na voz de Tim Bernardes e Caetano. Para terminar, no Pacubra rolam as festas, com uma seleta do que tem de melhor nas pistas em diferentes estilos, com alguns dos DJS cativos desta Ladrilho Hidráulico, como os do Pista Quente, da Selvagem e da Cremosa Vinil. Por que eu gosto tanto desse tipo de festival? Justamente porque não tem a vibe de restaurante por quilo, mas de menu degustação que te guia por experiências inesquecíveis.
Para sair de casa
Hoje é dia dos mestres João Donato e Jards Macalé na Casa Natura Musical. Já no Bar Alto tem Sessa, no CCSP, Zezé Motta, e o Secilians vive um dia de Porta com Paula Rebellatto e Yousef Saif. Na Casa de Francisca, hoje e amanhã, Arrigo Barnabé comemora 40 anos de Clara Crocodilo.
Amanhã tem Joshua Redman Trio no Blue Note, Tagua Tagua a Casa Natura Musical, Toninho Ferragutti Quinteto no Jazz B, Teresa Cristina cantando Bethânia no Tokio Marine Hall e Djavan no Espaço Unimed, com show sábado também. Ainda na sexta, as portas da percepção se abrem na Associação Cultural Cecília com Firefriend e Amanita FX.
Sábado rola Pagode do Rodrigueta, Rodrigueta sendo o Rodrigo Campos, no Esquina Lab e Iara Rennó no Itaú Cultural. E domingo tem Romulo Fróes com voz e Violão na Macondo Plantas e Afins e, no Bona, Ricardo Teté e Vinícius Calderoni. Na quarta por lá rola Bruno Berle. No mesmo dia também tem Anna Vis convidando Ná Ozzétti e Negro Leo na Casa de Francisca.
Ainda no começo da semana, no Centro da Terra, Lunina segue sua temporada Decantar, Decompor às segundas, e na terça tem Risco Quarteto. Na terça, também tem mais uma edição da Brecha, intersecção entre música e poesia, com Rodrigo Lobo Damasceno + Pivoman, Daniela Rezende + Jovem Palerosi, Ricardo Aleixo + Lua Bernardo. E lançamento do livro “Diário da Encruza”, de Ricardo Aleixo. Na Associação Cultural Cecília. E no mesmo dia começa o Festival Musiques d’Afrique no Centro Cultural Afrika.
Agora no mundo Sesc, que precisamos defender do governo federal, hoje tem os uruguaios do No Te Va Gustar no Pompéia. Sexta rola Pluma no Santo Amaro, Paulinho Boca de Cantor no Pinheiros. Sexta e sábado tem Denise Assunção no Avenida Paulista. Sábado e domingo Wanderléa se apresenta no Pinheros. E no domingo tem Choronas no Vila Mariana e Vertin no Belenzinho. Na terça, rola a baixista Ana Karina Sebastião no Instrumental Sesc Brasil.
Passando para os clássicos, além da ópera Il Guarany, O Guarani que segue no Municipal, no fim de semana tem o cellista Antonio Meneses com a Orquestra do Theatro São Pedro tocando Haydn.
Para quem é de pista, hoje tem a turma do Na Manteiga Rádio no Lote e homenagem a Rita Lee no Miúda. Sexta rola Bateu no MundoPensante e Punk Reggae Party no Porta. No sábado, tem Camaleoa na Balsa, Zagarta no Estúdio Lâmina, Baile da Avanço Lab na Casa da Luz e Santo Forte no Fabrique.
Agora se o lance é assistir dança, estreia hoje no Centro da Terra o solo Estudo 1 - Deusas, com Luma Preto, quintas e sextas, nesta e na próxima semana.
Indo para o teatro, estreia amanhã Aquário com Peixes, com Carolina Mânica e Natalia Rodrigues e direção de Marcela Lordy. No Sesc Santana, até 11 de junho. Já no Sesc Ipiranga, está em cartaz A Origem do Mundo, adaptação dos quadrinhos de Liv Stromquist, com dramaturgia e atuação de Julia Tavares e Luisa Micheletti e direção de Maria Helena Chira. Até 4 de junho.
Para quem quer ver exposições, nesta semana sugiro as individuais O Espaço entre Eu e Você, de Marcelo Cidade, na Galeria Vermelho, até 16 de junho, Uma Casa Feita de Chão, de Raphaela Melsonh, na Marli Matsumoto, até 4 de junho, Clarão: do Pó ao Corpo, do Corpo à Terra, de Nino Cais, na Casa Triângulo, até 10 de junho e Oração, de Thiago Honório na Luísa Strina, até 24 de junho. Para terminar, no sábado abre Além do Manto, de Sandra Lapage, no Complexo Cultural Funarte, fica até 18 de junho.
Estreia hoje na Cinemateca Brasileira a Mostra Novo Cinema Britânico, com filmes dos anos 1950 e 1960. E amanhã por lá estreia a Mostra Cinelimite, com os seguintes programas: Mestras do Cinema Documental Brasileiro, Redescobertas no Cinema Documental Brasileiro, Retrospectiva Amin Stepple, A Onda de Filmes Queer em Super-8 da Paraíba, Novas Descobertas em Animação do Projeto Digitalização Viajante e Filmes Domésticos e Filmes Amadores do Projeto Digitalização Viajante. As duas vão até dia 28 de maio.
Discos
What Will You Grow Now, Modern Cosmology (Duophonic Super 45s)
Existem encontros que parecem da esfera dos sonhos, em todos os sentidos. Modern Cosmology junta a ex-Stereolab Laetitia Sadier com o Mombojó. Depois que já aconteceu, parece natural que uma banda que tem as inquietações sonoras dos pernambucanos e uma paleta que vai da bossa ao eletrônico, sem medo de se meter no caos da lama, sirva perfeitamente para dar corpo às provocações líricas dessa exploradora sonora francesa. O disco é lindo do começo ao fim, um encontro de dois mundos destinados um ao outro, uma volta para o futuro.
Antíscia, Elisa Monteiro e Celio Barros (PMC)
Falando em encontros (astrológicos?), um memorável para quem gosta de sons mais abertos é o deste duo que usa a improvisação em diferentes camadas para criar paisagens sonoras arrebatadoras. Talvez por conta dos overdubs e da variedade de instrumentos que cada um toca, com Elisa indo da viola a cordas de piano, e Célio do baixo ao trompete, quase não há aquelas barrigas típicas da improvisação livre. Por alguma razão cósmica, não consegui fazer um embed do Bandcamp, mas vale o clique.
Maps, billy woods & Kenny Segal (Fat Possum Records)
Sem querer, a seleção de hoje ficou marcada por bons encontros. Esse do Maps é entre Nova York e Los Angeles. Os versos vêm da Costa Leste com billy woods e o som, da Costa Oeste com Kenny Segal. Normalmente no rap a palavra tem uma força grande, e billy woods entrega letras fortes, com ironia na medida, e consegue produzir umas metáforas inspiradas, mas pra mim o disco vale mesmo por conta da produção jazzy, sexy, aberta e, sobretudo, espaçosa.
blómi, Susanne Sundfør (Bella Union)
Fazia quase seis anos que essa incrível cantora e compositora norueguesa não lançava um disco, e ela volta com força total. É uma música bem dentro da tradição da canção mais pop, com baladas que tangenciam o rock e o folk, com aquele cheiro de composição dos anos 1970, mas sempre com um toque de surpresa nos arranjos, essa coisa da beleza harmônica e melódica escandinava que é meio única e paradoxal, por ser ao mesmo tempo grandiosa e contida.
Livros
O Inconsciente Corporativo e Outros Contos, Vinícius Portella (DBA Editora)
Cada vez mais essa vida mediada pelo 0 e 1 da nossa vida digital cotidiana se aproxima da literatura. Nesses nove contos, Vinícius Portella trafega entre o analógico e o digital, mediando utopias e distopias com um pouco dessa paisagem estéril do escritório.
Também Eu Danço, Hannah Arendt (Relicário)
O título, não sem um certo charme, dá o tom desse conjunto de poemas que trazem uma outra dimensão para a obra e da vida da filósofa e política alemã. Nesta bela edição bilíngue, os 71 poemas produzidos entre 1924 e 1961 são traduzidos por Daniel Arelli.
Filmes
O Mestre da Fumaça, André Sigwalt e Augusto Soares (cinemas)
Eu adoro stoner movies, aqueles filmes sobre maconha que seguem uma longa tradição que vai de Cheech & Chong a Harold & Kumar. Aqui os diretores, que fizeram o filme de modo totalmente independente, adicionam outro elemento cult: o kung-fu. O filme é demais, tão legal que ganhou o prêmio do público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Só que, como é indie, está em poucas salas e precisa de público para ter uma vida mais longa nos cinemas. Então, maconheiros do Brasil, vaporizem os cinemas nos próximos dias.
Os Cinco Diabos, Léa Mysius (Mubi)
Não é um filme de terror, embora muitos dos horrores do preconceito permeiem esse filme francês intrigante, que olha para uma família pelos olhos de uma menina com uma habilidade olfativa excepcional, que vai desvendando os mistérios de seus pais após a chegada da tia à pequena cidade montanhesa onde vive. Delicado e surpreendente.
Séries
Amor e Música: Fito Páez (Netflix)
Não se deixe levar pelo título horrível, essa série é muito legal. Eu adoro Fito Páez desde os anos 1980, introduzido ao seu som pelo meu grande amigo argentino da adolescência Santiago Olmos. A série se concentra no passado e nos primeiros anos da carreira do ídolo do rock argentino, até explodir com o disco El Amor Después del Amor, que dá o título original à série.
Treta (Netflix)
Nova série da produtora A24, essa comédia traz a escalada de conflitos entre duas personagens de famílias de imigrantes asiáticos nos Estados Unidos. Enquanto um é um empreiteiro frustrado, a outra é uma empresária bem sucedida, e o ódio entre os dois só cresce depois de um incidente fortuito.