Nesta semana, escolhi abrir a newsletter com um desses eventos únicos para curtir em casa. A sétima edição do Sampa Jazz acontece no próximo sábado, dia 6 a partir das 14h, com apresentações ao vivo transmitidas pelo YouTube. O line-up tá bacana: Vanielle Goovaerts & Ricardo Herz (14h), Suka Figueiredo (15h10), Trio Corrente (foto, 16h20), Sintia Piccin (17h30) e Mario Gaiotto (18h40).
Discos
Soprano - An Homage do Lol Coxhill, Mike Cooper and Friends (Room40)
Primeiro que dá vontade de ser amigo do Mike Cooper. Porque olha a lista de amigos dele que resolveram embarcar nesta homenagem ao brilhante saxofonista inglês morto em 2012. São músicos de primeira linha como John Butcher, Elliot Sharp e Jon Raskin, só pra citar alguns. A linguagem de Coxhill era a improvisação livre, e esses encontros honram lindamente essa tradição, deixando o som do soprano conduzir as conversas.
Cochicho no Silêncio Vira barulho, Irmã, Verônica Ferriani
Falando em boas companhias, este é, na minha opinião, o melhor disco da cantora paulistana até agora. Um pouco por conta das milhares de participações de mulheres bacanas e diferentes entre si, como Alessandra Leão, Assucena, Lívia Mattos, Monica Salmaso, Áurea Martins, só pra falar de algumas. É um disco duplo em que aparece a Verônica compositora, ela assina 17 das faixas e como tema escolhe falar da mulher de hoje, olhando pra dores, amores e pirações.
Poça Platônica, Gibaa (Giba Studios)
Das coisas mais legais de gostar de música é descobrir gente nova talentosa, como o Gibaa, que produziu esse disco bem bacana. É um primeiro trabalho, ainda tem uma certa juventude que às vezes trabalha a favor, às vezes contra, mas a verdade é que na maior parte são boas canções, num pique bem lo-fi, que entra na minha cabeça junto de sons melancólicos de que gosto muito, tipo Yo La Tengo, Jonathan Richman, e, por que não, Los Hermanos. Pirei em Ainda Sei Chorar, com participação do Lauiz, e no hit Cigarrin on the Roof.
Salt Water, Klara Lewis, Yuki Tsujii (The Trilogy Tapes)
Conhecia o Yuki Tsujii como guitarrista da Bo Ningen. Aqui ele se junta a Klara Lewis, que usa eletrônica para criar ambiências hipnóticas e ao mesmo tempo desafiantes. Juntos, dois pintam paisagens sonoras angulosas, cheias de espaços e ideias para explorar, partindo de bases mais repetitivas e trabalhando eventos sonoros ao redor delas.
Livros
A Força das Falas Negras - Relatos de Vidas, org. Sonia Rosa (Pallas)
Uma pergunta norteou esses relatos: "Como você identifica o racismo em sua vida e no cotidiano?". A partir dessa indagação, feitas a amigos de diferentes formações, Sonia Rosa pode reunir relatos e perspectivas muito enriquecedoras para evidenciar o racismo brasileiro. São textos que servem como denúncia mas também acabam sendo um chamamento a uma prática antirracista.
Fiordilatte, Miguel Vila (Veneta)
O quadrinista italiano Miguel Vila tem um olhar bem interessante para as relações contemporâneas. Em Fiordilatte, ambientada na vila de Bessaniga, ele explora os relacionamentos entre quatro personagens, Marco, Stella, Lulu e Danielle. O sexo é central, às vezes como erotismo, às vezes como tara, às vezes como problema.
Filmes
Os Colonos, Felipe Gálvez (Mubi)
Filme chileno que olha para a colonização branca da terra do fogo no começo do século 20. De certa forma guarda alguma semelhança com Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorcese, sobretudo na brutalidade e na falta de escrúpulos ao lidar com as terras dos povos originários.
Todos Menos Você, Will Gluck (Max)
Pra quem não quer nada muito cabeça, essa é uma comédia romântica clássica, com um enredo sobre um casal que fica junto uma noite e passa a se odiar. Poucos anos depois desta noite, os dois são forçados a conviver em um casamento de família. É divertido, mas vale sobretudo pela atuação da incrível Sydney Sweeney.
Série
Shógun (Star+)
Quando eu era adolescente, li o livro de James Clavell sobre um ocidental que consegue entrar na fechada sociedade japonesa do 1600, em uma época de disputa de poder. Também vi a série original, que passava na Globo nos anos 1980. Essa é uma versão mais rica em termos de produção, com bons atores que deixam ainda melhor essa história fantástica.
Samurai de Olhos Azuis (Netflix)
É um desenho animado ocidental mas totalmente influenciado pela linguagem dos animes. Uma história de vingança, mas também de intolerância à diferença. Se passa no mesmo Japão fechado do 1600 e, visualmente, é um cruzamento bem legal da estética e dos enredos dos filmes japoneses de samurai com um tempero de spaghetti western.
Podcast
A Ditadura Recontada
Hoje há 60 anos os militares tomavam o poder para seguir em uma ditadura até 1985. Esse podcast produzido pela Globoplay e pela CBN é uma costura de mais de 300 horas de falas do arquivo de Elio Gaspari. O primeiro episódio, sobre o golpe de 1964, está no ar. Os outros virão semanalmente.