Se você, como eu, ama o cinema japonês, não dá pra perder o Japanese Film Festival, que chega à terceira edição neste ano trazendo 23 filmes e duas séries de Doramas, mas elas só estarão disponíveis para assistir a partir do dia 19 deste mês. Entre os destaques da programação estão os filmes Anime Supremacy, Baby Assassins (foto), BL Metamorphosis, I am What I am, e Single 8. O filmes ficam em cartaz até 19 de julho.
Discos
Light Verse, Iron & Wine (Sub Pop Records)
Hoje todos os discos que eu vou indicar são novos lançamentos de artistas que me fizeram muito feliz no passado. Começo com a volta de Sam Beam, que não lançava um disco de inéditas do Iron & Wine há seis anos. Com novos acompanhantes, o baixista Sebastian Steinberg e o multiinstrumentista David Garza, as canções seguem dançando ao redor da country music fina, com uma boa dose de autoironia e, como sempre, de melancolia.
Look to the East, Look to the West, Camera Obscura (Merge Records)
Parece que foi ontem que ouvia banda cantando sobre corações partidos numa madrugada no Studio SP. Só que isso foi em 2010. Fazia tempo que não me conectava com o grupo indie fofo de Glasgow, na real, nem achava que a banda voltaria depois da morte da tecladista Carey Lander, em 2015. O novo trabalho é ótimo, justamente porque é mais continuação do que ruptura, com o som delicado, cheio de nuances, emoldurado pelas letras sacadas da compositora Tracyanne Campbell.
Sunday Morning Put-On, Andrew Bird Trio (Wegawam Music)
Essa é uma volta dupla, pro começo dos anos 2000, quando fiquei meio obcecado pelas canções e pelo violino do compositor de Chicago e para esse repertório de canções icônicas americanas, como I Fall in Love too Easily, de Jule Styne, e My Ideal, de Richard Whiting, Leo Robin and Newell Chase, só para citar duas imortalizadas pelas interpretações de Chet Baker. Inclusive Bird soa muito como o trompetista cantando nesse trio bem jazzy que montou com o baterista Ted Poor e o baixista Alan Hampton.
De Lua, Ná Ozzetti e Luiz Tatit (Circus Produções)
Já que estou olhando para a frente pelo retrovisor, essa paixão é a mais antiga das quatro de hoje. Rumo abriu a minha cabeça para a música brasileira quando era um adolescente roqueiro nos anos 1980. Ouvir Ná Ozzetti cantando com Luiz Tatit é sempre instigante, não só pela ourivesaria das letras, que segue brilhante neste disco. É que nas canções da dupla existe uma sabedoria em interpretar o tempo e colocar em perspectiva as nossas prioridades como pessoas cheias de emoções que é muito única. E, neste disco, essa mirada vêm embalada em canções simples, sem grandes volteios e pirações harmônicas, deixando para as palavras a missão de botar a cabeça para funcionar.
Livros
O Indomável: João Carlos Martins entre o som e o silêncio, Jamil Chade (Record)
A vida do pianista tornado maestro é realmente digna de livro. De interprete prodígio a um dos maiores especialistas em Bach, o pianista parece ter vivido muitas vidas. O livro fala de seu desenvolvimento como instrumentista, sua polêmica passagem pela política na órbita de Paulo Maluf, seus muitos reveses de saúde, que o levaram a quase 30 cirurgias, sua opção tardia pela regência e os projetos sociais em que se envolve até hoje.
Em Carne Viva, vários autores (Darkside)
Organizada pela escritora americana Joyce Carol Oats, essa coletânea de contos mergulha em um subgênero do terror, o body horror, mas com um olhar estrito para a produção feminina, mais rara. São textos fortes de Margaret Atwood, Tananarive Due, Elizabeth Hand, Lisa Tuttle e Valerie Martin, só para citar algumas.
Filmes
The Zone of Interest, Jonathan Glazer (Prime Video)
Vencedor do Oscar de filme estrangeiro, esse longa traz uma perspectiva perturbadora das entranhas do cotidiano nazista. O filme olha para a família do comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, e para a vida de sonhos que levam numa uma casa vizinha ao campo de concentração. Até que uma mudança se coloca no horizonte e abala essa normalidade aparente.
Gasoline Rainbow, Bill Ross V e Turner Ross (Mubi)
Um dos melhores road movies que vi nos últimos tempos. Usando não-atores, o longa trafega entre o documentário e a ficção para contar a história de um grupo de amigos que sai do interior do Oregon rumo à costa para ir a uma festa na praia. Como todo road movie, o que vale é a viagem, não o destino.
Série
Hacks (Max)
Com um roteiro excelente, a série que chega à sua terceira temporada e já tem a próxima confirmada, discute gênero, política e o mercado da comédia nos Estados Unidos a partir da complexa relação entre uma comediante veterana, no auge dos seus 70 anos, e uma jovem roteirista em busca de ascensão. Jean Smart, que inclusive ganhou um Emmy pela sua performance, dá um show de interpretação e carisma ao lado da novata Hanna Einbinder. (Maria Clara Strambi)
Entrevista com o Vampiro (Prime Video)
Bom, a essa altura do campeonato, se você gosta de histórias de vampiros já leu os livros da Anne Rice ou, pelo menos, o filme de 1994, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Neil Jordan. Se na história pouco muda, o que vale, para mim, é a direção de arte e umas boas tiradas do roteiro atualizado para os nossos dias.
Podcast
Risca Faca
Começou na semana passada com um episódio sobre o gozo nas práticas artísticas, a terceira temporada do podcast de arte do Goethe Institut, criado por Debora Pill com curadoria de Brisa Flow, Ivy Souza e Juliana Godoy. Com novos episódios a cada duas semanas, essa temporada investiga de maneira abrangente a ideia de aquilombamento em diálogo com o fazer artístico.
A Ladrilho Hidráulico agora é feita também pela Maria Clara Strambi