Antes de mais nada, como é bom estar independente de todo aquele ódio que cercava o 7 de setembro e poder voltar ao normal, com esta sendo só mais uma data em que a grande preocupação é se a gente vai ou não pegar a estrada. Eu não vou, e entre as muitas coisas legais para fazer em SP neste feriadão, o meu destaque vai pros 15 anos do Slam SP, que acontece até domingo no Sesc 24 de maio, reunindo 44 comunidades de slam. Hoje e amanhã rolam as classificatórias, sábado, a semifinal e domingo é a final, que dá vaga pro evento nacional. Ao vivo é de arrepiar. Fora que é o melhor ato anti-patacoada fascista que teremos por estes dias. A foto é de Sergio Silva.
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Para sair de casa
Tema da última newsletter, abriu para o público ontem a 35ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Em termos de arte, é o melhor programa para quem for ficar pela cidade no feriado. Esta semana é especial porque também tem uma programação intensa de performances e atividades paralelas. Para quem ama música, está imperdível a programação do Kizomba Design Museum, projeto do artista visual Nástio Mosquito com o músico e escritor Kalaf Epalanga, que leva shows e discotecagens à Casa de Francisca.
Do ladinho da Bienal, no Mam, abriu ontem uma pequena mostra imperdível: Murilo Mendes, poeta crítico: o infinito íntimo. Eu veria também a coletiva Realidades e Simulacros, com obras de realidade aumentada espalhadas pelo parque Ibirapuera que você vê usando seu celular.
Agora se você subir pro centro, a Pivô abriu três novas exposições semana passada: uma mostra do francês Pol Taburet, Sweets for the Sweets, uma da mexicana Mariana Castillo Deball: A Noite e o encontro entre os artistas Erika Verzutti & Anderson Borba, que realiazaram uma série de obras inéditas a partir do convite da curadora Fernanda Brenner. E, pertinho, na Ocupação 9 de Julho, rola a coletiva Refundação. No MIS abriu ontem a nova edição de Caos on Canvas. Já na galeria Gomide & Co, vale ver O Curso do Sol, coletiva inpirada na diáspora japonesa.
Na Cinemateca Brasileira, vai até domingo a Mostra André Luiz Oliveira, e amanhã começa a Retrospectiva Sérgio Tréfaut, que vai até o dia 17. Já no CineSesc acontece a Mostra de Cinemas Africanos, e o CCBB traz os filmes de do Festival de Gramado até domingo. De sexta pra sábado rola Noitão no Belas Artes com a Trilogia da Vigança, do coreano Park Chan-Wook. E o Cineclube Cortina embarca na onda da Bienal, trazendo filmes de artistas.
Hoje estreia no Centro Cultural Fiesp uma montagem de texto que amo: Elizabeth Costello, do J. M. Coetzee, com direção e dramaturgia: Leonardo Ventura. Já para quem quer experimentar, um espetáculo fora do convencional também estreia hoje: Burnout, com direção de Erica Montanheiro no CCSP. No Teatro Faap, estreia sábado Tom na Fazenda, de Michel Marc Bouchard, com direção de Rodrigo Portella em montagem idealizada por Armando Babaioff.
Já na quarta, no Teatro Oficina, acontece um "ritoespetáculo” para celebrar os 74 anos de Itamar Assumpção: Pretobrás: E Daí?, e no Sesc Pompeia acontece a performance Nica, de Elisa Band.
Indo pra dança, hoje no Sesc Campo Limpo tem Movimento Suspeito com o Grupo Vagal e, no Sesc Pompeia, fica até domingo Topografias de Desaparições, com Vera Sala.
Vamos pros shows: BNegão e os Seletores de Frequência tocam hoje no Sesc Campo Limpo e sexta e sábado no Pompeia. Hoje ainda tem Deafkids e Radio Diaspora na Associação Cultural Cecília, Evan Dando no Bar Alto, Guinga no Sesc 24 de Maio, Nei Lopes no Sesc Vila Mariana, Samba de Dadara no Mundo Pensante e Teresa Cristina no Sesc Itaquera. Hoje e amanhã tem João Bosco no Sesc Bom Retiro e Fernanda Takai no Sesc Belenzinho e, de hoje a domingo, tem Lenine no Sesc Pinheiros
Na sexta rola Edgar no Sesc Guarulhos e Inês É Morta no Laje. Tá esgotado, mas eu imploraria por um ingresso pro Yeah Yeah Yeahs no Cine Joia. Não rolando, tem o show deles no The Town, que rola hoje, sábado e domingo. E, dde sexta a domingo tem Mart'Nália no Sesc Vila Mariana.
Sábado é dia de Amar e Mudar as Coisas, com Taciana Barros, Karina Buhr e Marisa Orth no Bona, Banda Sete Cabeças com Charles Gavin e Luiz Brasil no Sesc Guarulhos, Ema Stoned e Paula Rebellato no Estúdio Lâmina, Karnak no Blue Note e Pagode do Rodrigueta no Greta Galpão. Sábado e domingo tem Johnny Hooker cantando Marília Mendonça no Sesc Bom Retiro, Luedji Luna no Sesc Santana, Samuca e a Selva tocando Krig-ha, Bandolo! no Sesc 24 de Maio. E no domingo rola Erik Escobar & New Brazilian Trio no Sesc Belenzinho, Festival O Fino da Zica no Bananal, Lulina + Pedro Cassel no Bar Alto e Romulo Fróes e Marcelo Cabral na Odette
Segue na segunda a temporada de Dinho Almeida do Boogarins no Centro da Terra. Por lá, na terça, tem o novo Comitê Secreto Subaquático, e na Associação Cultural Cecília, Silvertape com Cindy Lensi, Miazzo e Orquestra de Música Normal. Na terca e na quarta tem Los Sebosos Postizos no Bona e Dora Morelenbaum na Casa de Francisca. E, na quarta, M. Takara e Guizado no Centro da Terra, Pink Opaque e um trio formado por Mari Crestani, Paula Rebellato e Sandra Coutinho no Porta, Sandra X no Sesc Pinheiros e Zé Ibarra no Sesc 24 de Maio.
Indo pra pista, Akin Deckard começa uma residência às quintas no Domo com um tema que faz sentido para quem é digger: canções de ontem que só aprendi a dançar hoje. Tem ainda Camaleoa na Balsa, Climão Climão Climão no Miúda, Forró dos Ratos no Estúdio Lâmina e Inferninho Trabalho Sujo no Picles. Sexta tem Afrika Baile no Centro Cultural Afrika, Entrópica no Pratododia, Evehive no Miúda, Flerte no Tokyo e Perigos Noturnos no N/A. Sábado rola Calefação Tropicaos no Mundo Pensante, Coletânea no Pratododia com DJ Marky de convidado, Funkey na Balsa e SDDS do Neu no Cineclube Cortina. No domingo, fechando o feriado, tem Antes da Meia Noite no Bar Alto e Pista Quente no Lote.
Discos
FRENCH EXTREMISM, Chino Amobi (Intelligent Models)
O fundador do NON volta suas lentes para os filmes franceses e cria essa série de pequenas fantasias distópicas usando ruídos e claves polirrítmicas, em um espírito anarquista de colagem. Não é tão forte como outros trabalhos, mas sempre me instiga.
Sundial, Noname ( AWAL Recordings America)
Sempre tem um disco de rap que galvaniza a atenção. Sundial, da rapper americana que não lançava um disco em cinco anos é a bola da vez. O que tem de legal, além da produção incrível, é que é um pouco o oposto daquela hipérbole egóica que às vezes domina o estilo. É um disco que chama as pessoas pra real.
Fly or Die or Die Fly or Die ((world war)), Jamie Branch (International Anthem)
O triste fim de uma trilogia. É impossível não ouvir esse disco sem pensar na morte precoce da trompetista no ano passado, pouco mais um mês depois de deixar o estúdio onde estava terminando este álbum. O som é político e festivo, segue a tradição do jazz mas vai além. No fundo, é um belo testamento.
Um Tijolo com seu Nome, Lupe de Lupe (Balaclava Records)
Eu cresci com o punk rock, então um disco cru como esse do Lupe de Lupe, com uma porrada de músicas curtinhas, fala forte ao meu eu adolescente. Avança alguma coisa em relação as bandas punks dos anos 70 e 80? Não. Mas não é sobre isso. É sobre ser jovem, ter uma guitarra, vários incômodos e fazer barulho.
Livros
Escrita em Movimento: Sete Princípios do Fazer Literário, Noemi Jaffe (Companhia das Letras)
Além de sintetizar os princípios que ensina em suas oficinas literárias, que aplica com maestria em seus próprios livros de ficção, esse volume ainda traz entrevistas com autores como Milton Hatoum e Beatriz Bracher.
Nós, A Gente, Gilberto Gil e Daniel Kondo (WMF Martins Fontes)
Gil pra mim é muito seu violão, mas é também palavra. Esse livro faz parte da comemoração de seus 80 anos, pega emprestado inclusive o nome da turnê que fez com sua família. Aqui sua poesia ganha vida nos traços de Daniel Kondo.
Filmes
Angela, Hugo Prata (cinemas)
Essa cinebiografia é centrada na relação abusiva da socialite carioca, que se apaixona por Doca Street depois de sua separação, um namoro que leva a seu assassinato, um dos crimes mais ruidosos dos anos 1970, retratado também no brilhante podcast Praia dos Ossos.
EO, Jerzy Skolimowski (MUBI)
Como é feriado, tem muita mostra boa na cidade, resolvi escolher um filme pra quem não quer sair de casa. E esse filme sobre as viagens de um burro pela Polônia e pela Itália é muito curioso.
Séries
Taste the Nation (Starplus)
É de 2021, mas vi só agora a segunda temporada desse programa apresentado por Padma Lakshmi, a apresentadora de Top Chef. É das séries sobre comida mais legais que já vi. Ela mergulha em diferentes comunidades de imigrantes para entender como a sua comida integra a cultura alimentar dos Estados Unidos, com o olhar de quem é também uma imigrante.
Ragnarok (Netflix)
Bom, é feriado então vale embarcar numa série dessas pra não pensar. A terceira e provavelmente a última temporada de Ragnarok é bem isso. Mas é divertida com a transposição da mitologia nórdica para os nossos dias.