São Paulo vai fazer festa para o cinquentão hip hop. Justo que a festa seja do lado de onde ele nasce na cidade, no Vale do Anhangabaú. Com uma programação gratuita no sábado e no domingo, vão passar pelos palcos nomes como BK’, Djonga (foto), Thaíde, Rappin’ Hood, Dexter, MV Bill,, Negra Li, além do americano Pharoahe Monch. Muita coisa legal. Só é de se estranhar a ausência dos principais nomes do hip hop paulista: Racionais MCs, Emicida e Criolo. Não precisava ter os três, mas algum deles deveria estar neste line-up.
Para sair de casa
Vou seguir pela música. Hoje tem Punhal de Prata, com Alessandra Leão e Rafa Barreto no Bona, Julia Mestre canta Rita Lee no Blue Note e Guilherme Held no Picles. Indo para um mundo mais experimental, rola Leviatã Elástica com Objeto Amarelo, Galiza +Pinkalsky + Architect of Love, Ali + MNTH + Trubive e Bruno Mendonça no Entr3posto. Hoje e amanhã rola ainda Johnny Hooker no Cinejoia. E eu tentaria a lista de espera para ver Kiko Dinucci e Douglas Germano juntos, hoje e amanhã, na Casa de Francisca.
Amanhã rola Lô Borges no Sesc Santo André, Vera Figueiredo Trio no Jazz B, Lívia Nestrovski e Henrique Eisenmann no Sesc 24 de Maio, Ensemble Choro Erudito no Sesc Santo Amaro, o show Sáficas com Josyara, Juliana Linhares, Maria Beraldo, Jadsa e Mahmundi no Sesc Vila Mariana e AKT e Maluf111 no Sesc Belenzinho.
Sexta e sábado tem Eclipse Fest na Associação Cultural Cecília com lives e Dj sets e Francisco El Hombre no Sesc Pompéia. De sexta a domingo tem Orquestra Vermelha no Sesc Avenida Paulista.
No sábado, o mestre Junio Barreto faz show com banda na Casa de Francisca, tem ainda Brisa Flow com Katú Mirim no Sesc Itaquera, Siba Puri no Sesc Campo Limpo, Caçapa no Sesc Pinheiros, Samba de Dandara no Bananal, Bloco Siga Bem Caminhoneira convida Leci Brandão na Casa Natura Musical E, se você quiser ouvir o pagode de Xande de Pilares sem música do Caetano, rola show sábado no Tokio Marine Hall.
Sábado e domingo tem Chico Chico no Sesc 24 de Maio e, no domingão, Luna França no Bar Alto e O Samba Jazz de Paulo Moura, com Com Wagner Tiso, Sintia Piccin e Teco Cardoso no Sesc Vila Mariana.
Bom, como sempre, na segunda a boa é a temporada de Sandra Coutinho no Centro da Terra, desta vez com Paula Rebellato e Mari Crestani. E, na terça tem o último show da Quartabê tocando o repertório de Lição #2: Dorival. Já no Centro da Terra, rola Do Amor e no CCSP, Robertinho Silva.
Na quarta, no CCSP, Otto canta Reginaldo Rossi e Bruna Lucchesi lança Quem Faz Amor Faz Barulho no Sesc Avenida Paulista. Para terminar avançando na próxima LH, na quarta e quinta Gaia Wilmer e Jaques Morelenbaum fazem uma viagem instrumental pela obra de Caetano Veloso na Casa de Francisca.
Indo para os clássicos, na Sala São Paulo, de hoje a sábado a Osesp é regida por Giancarlo Guerrero, com Fabio Martino ao piano, apresentando peças de Modest Mussorgsky e Francisco Mignone. Por lá, na terça, acontece o concerto do Cultura Artística, com a Orquestra Sinfônica de Lucerna regida por Michael Sanderling, com Steven Isserlis no violoncelo. Já na sexta e no sábado a Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de Alessandro Sangiorgio, apresenta Mozartianas na Praça das Artes. Para terminar, no sábado, a Brasil Jazz Sinfônica convida o saxofonista Leo Gandelman no Teatro B32.
Agora para quem é de dançar, hoje tem uma Pista Quente especial no Coffeeshop Club, porque tem live (muito foda) e aniversário do Gawk. Já no Miúda, é dia de hip hop com KL Jay e Miya B e, do lado, no Pratododia, tem reggae com o Pratododia Allstars. Na sexta, tem Punk Reggae Party no Porta, os sons brasileiros da primavera, te amo no Cineclube Cortina e Freak Chic na D-Edge. Sábado tem Roofsteady na Balsa, a experiência audiovisual do Canvas Lives no Cineclube Cortina e Bailinho no Lote.
Indo para o teatro, na sexta estreia uma nova montagem de A Falecida, do Nelson Rodrigues, com a Camila Morgado, no Sesc Santo Amaro.De segunda a quarta, na Biblioteca Mario de Andrade, estreia o espetáculo James Baldwin - Pode um Negro Ser Otimista?, dirigido por José Fernando Peixoto de Azevedo. No Cemitério de Automóveis está em cartaz de quarta a sábado a peça Pequod - Só os Bons Morrem Jovens, com texto e direção de Mario Bortolotto. Nesta semana tem Terça em Cena no Espaço Garganta, com 4 peças curtas. E, na quarta, muitas caras novas nos Trovadores do Miocárdio na Balsa, com o instigante título de O Lento Deslocamento das Constelações pela sua Pele.
Em Cartas Para Ele, o Grupo Corpo Molde usa a dança para investigar as muitas possibilidades do amor, quintas e sextas deste mês, no Centro da Terra. Já no Theatro São Pedro, a São Paulo Companhia de Dança apresenta o balé Di e o Rouxinol, com concepção e coreografia de Miriam Druwe, de quinta a domingo.
Segue na Cinemateca Brasileira até sábado a Retrospectiva Walter Hugo Khoury e na sexta e no sábado tem uma série de pré-estreias do novo longa de Kleber Mendonça Filho, Retratos Fantasmas.
Para terminar, abre no sábado na Galeria Jaqueline Martins a individual de Daniel de Paula: infraestrutura, instituição, indivíduo. Vai até dia 28 na galeria Bolsa de Arte, a exposição Truque, de Mari Ra, dica do Renato de Cara, e fica até 9 de setembro, na Milan a individual Memento Habilis, de Henrique Oliveira.
Discos
Xande Canta Caetano, Xande de Pilares (Gold Records/Uns Produções)
Bom, a essa altura é muito provável que você já tenha ouvido esse discaço que leva Caetano pro pagode. Eu adorei, e para explicar a razão, deixo aqui três comentários perfeitos de pessoas por quem tenho a mais alta admiração: Luana Carvalho, Acauam Oliveira e Bernardo Oliveira.
Quem Faz Amor, Faz Barulho, Bruna Lucchesi (Pequeno Imprevisto)
”It's only life/ But I like it", são dois versos de Paulo Leminski que estão em Toda Poesia. Quem conhece Stones sabe do que ele estava falando. Sempre achei Leminski um poeta rock'n'roll, sabia que ele tinha escrito canções, mas não as conhecia direito. Bruna Lucchesi nos entrega não o poeta cantado, mas o Leminski autor de canções, dando a elas um tratamento incrível, que dribla o óbvio do rock e constrói um espaço sonoro instigante para que as palavras fluam.
Время Увечий, Meta Golova
No fundo, minha alma é punk. Meta Golova fala diretamente com ela, mesmo que eu não entenda nada das letras em russo ou chinês. Tempo Mutilação (na tradução em português) é o primeiro disco do duo formado no ano passado pela performer siberiana Lena Kilina com Carlos Issa, do Objeto Amarelo. Todo o som vem de Cacá criando camadas de textura e ritmo a partir de uma groovebox e dos vocais cheios de efeito de Lena. É forte, urgente e político nessa conexão Brics, guerra e miséria.
Cumulonimbus, Eduardo Manso (QTV)
Vou fechar a quadrinha de hoje com mais um brasileiro que eu amo. A primeira vez que vi Eduardo Manso ao vivo foi com o Bemônio, sei lá há quanto tempo, mas depois rolaram os shows com a Ava Rocha. Nesse solo, a brisa é outra. São muitos caminhos interessantes principalmente para quem curte sintetizadores e guitarras. Tem uns momentos em que o som lembra a eletrônica do fim dos anos 70 na Alemanha, em outros, a viagem segue mais pelos drones e texturas. A minha faixa preferida éTabernanthe Iboga, um mergulho de quase 15 minutos, épica, abrindo frestas para o reino dos mortos.
Livros
Veludo Rouco, Bruna Beber (Companhia das Letras)
Sabe um livro que você espera sair pra poder indicar? É esse. Bruna Beber é uma das poetas brasileiras mais criativas, e tem esse jeito de escrever que é tão elaborado que parece simples, ela passa da leveza, do prosaico, à profundidade sem esforço, consegue ser pop, dialogar com o tempo, e também estar meio fora do tempo. Sem falar que tem coisa mais sexy do que esse título?
livRO AZ, Ronaldo Azeredo (independente)
Vou ficar na poesia hoje. Azeredo é da primeira onda dos poetas concretos e quase não publicou em vida. Essa antologia organizada por Augusto de Campos e Lygia Azeredo reúne seus poemas em uma edição limitada de 400 exemplares. No sábado vai acontecer o lançamento na Casa das Rosas, com uma roda de conversa puxada por Augusto de Campos e leituras de poemas.
Filmes
Asteroid City, Wes Anderson (cinemas)
Eu piro na estética do Wes Anderson, e agora ele vai para o deserto americano no pós-guerra, com personagens incríveis vividos por atores estelares. Para muita gente, é um filme vazio, estéril. Eu leio de outro jeito, vendo as opções estéticas e os desencontros como parte de uma narrativa humorística que nos empurra a preencher os espaços.
Para Onde Voam as Feiticeiras, Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral (Galpão)
O filme estreia só em 31 de agosto, mas no sábado tem pré-estreia desse ensaio que parte de encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas do centro de São Paulo e explora essa zona criada no cruzamento das artes performáticas com a polifonia de diferentes vozes que precisam ser ouvidas.
Séries
Depois da Festa (Apple TV+)
Estou numa fase que tá difícil ver coisa séria. Essa nova comédia do streaming da Apple, com novos episódios às quartas, ajuda bem quem curte cinema mas quer pensar pouco. A história é simples. Um assassinato, muitos suspeitos. E cada suspeito é apresentado a partir de um gênero diferente de filme.
O Império da Dor (Netflix)
Com Matthew Broderick, essa minissérie dramática em seis episódios tenta infundir um pouco de suspense ao mergulhar na epidemia de opioides nos Estados Unidos, explorando as causas e revelando como ela se desenrola.
pauliceia tá em chamas! difícil decidir onde colar he