Contei que não estava muito bem na semana passada.Vou explicar um pouco melhor, porque agora sei direito o que está acontecendo. Terei de fazer uma cirurgia grande no coração, dessas de peito aberto, nos próximos dias. Isso significa que vou ficar afastado desta Ladrilho Hidráulico por um tempo, coisa de um mês, provavelmente. Mesmo assim, nesta semana a newsletter completa um ano e não queria deixar de fazer esta edição, ainda que na última semana a minha mirada para o mundo tenha sido a partir de uma cama no hospital. A boa notícia é que logo mais, depois de uma recuperação que deve ser meio chatinha, vou poder voltar a fazer as coisas de que mais gosto, basicamente ir para a rua experimentar a riqueza cultural de SP. Espero encontrar vocês em breve na pista.
Falando do que realmente interessa: começa na quarta o Sesc Jazz. Obviamente, eu não vou conseguir ver nada neste ano, mas, para mim, os shows imperdíveis nessa edição são o do Makaya McCraven e o da Angel Bat Dawid (foto).
Para sair de casa
Buenas, vamos começar pelos shows. Hoje Arrigo Barnabé canta Roberto Carlos no Bona. Tem ainda Bruno Bruni no Sesc Interlagos, Devotos de Nossa Senhora Aparecida e Eletroradiobrás no Picles, o Festival Big Bang no Municipal, Evan Dando no Bar Alto, Orquestra Mundana Refugi no Sesc 14 Bis, Samba pros Orixás no Mundo Pensante e Toninho Ferragutti convida Susanna Stivali no Jazz B. De hoje a sábado também rola FBC no Sesc Pompeia.
Sexta tem noite punk com os mexicanos do Acidez, Juventude Maldita e Social Chaos na Associação Cultural Cecília, Alaíde Costa no CCSP, Batata Boy no Bona, Banda Black Rio no Blue Note, Coruja BC1 no Sesc Santo Amaro, Garotas Suecas no A Porta Maldita e Otto cantando Reginaldo Rossi no Sesc Pinheiros. Sexta e sábado rola Nei Lopes na Casa de Francisca e, de sexta a domingo, tem Geraldo Azevedo no Sesc Belenzinho.
No sábado rola Afrojam-SP na Casa Natura Musical, André Mehmari Trio no Jazz B, Brasil Jazz Sinfônica com Xênia França e Gaby Amarantos na Sala São Paulo, Edgar no Sesc Bom Retiro, Evinha convida Mariazinha e Regina (Trio Esperança) no Sesc Pinheiros, Gorduratrans + Inês é Morta na Associação Cultural Cecília e Rodrigo Campos no Sesc Santo Amaro. Sábado e domingo tem Mombojó no Sesc Santana e Pastoras do Rosário no Sesc Vila Mariana. Já no domingo, tem Boy from the South, Frederico Heliodoro e Jeremy Black no Bar Alto, Evinha convida Golden Boys no Sesc Pinheiros e Natasha Falcão no Sesc Bom Retiro.
A temporada das segundas do mês do Centro da Terra, que tá doendo perder, é com a Paula Rebellato, de quem sou mega fã. Na segunda vai ser improv pesado com Romulo Alexis, Bernardo Pacheco e Cacá Amaral. Já no Bona, na segunda, é dia de Juliana Linhares e Rodrigo Garcia.
Na terça tem Nath Calan no Centro da Terra e Chico Bernardes no Bona. E, no Instrumental Sesc Brasil, rola Wagner Tiso e Toninho Horta, no Sesc Consolação. Já na terca e na quarta tem Rastilho, do Kiko Dinucci na Casa de Francisca.
Indo para os clássicos, até domingo o Theatro São Pedro apresenta a ópera Cinderela. Na Sala São Paulo segue a Temporada Osesp de quinta a sábado com a orquestra regida por Gergely Madaras e Louis Schwizgebel ao piano.
Pra quem é de pista, hoje tem Bisc8's na Balsa, Desculpa Qualquer Coisa no Miúda, Lésbica Futurista no Cineclube Cortina e Mocada no Lote. Amanhã rola Faísca na Casa Rockambole, Entrópica Fela Day no Prato do Dia, Freak Chic na D-Edge, Sinkro no Estúdio Lâmina e Piranha no Mundo Pensante. No sábado, tem Bogotá no Cineclube Cortina, Calefação Tropicaos no Mundo Pensante, Discolage com Tatá Aeroplano e Nornava na Laje, Facchinetti e Zopelar no Matiz e Funkey na Balsa. No domingo, tem Giu Nunez e Kakubo no Matiz e Macaxeira Elétrica no Lote. E BNegão bota som no Fatiado Discos toda terça deste mês.
Para quem curte dança, hoje a amanhã tem 2415, com Marcela Páez, no Centro da Terra. De sexta a domingo tem Bactéria Magnífica, performance com Flavia Pinheiro, Rodrigo Batista, Rafael FX e Tom Oliver Jacobson no Sesc 24 de Maio. E, na terça e na quarta, no Sesc Pinheiros, rola Pantofagia com a Marta Soares Cia. E vai até domingo, no CCSP, o festival Dança à Deriva.
Já no teatro estreia sexta no Sesc Belenzinho A Mulher Como Campo de Batalha, de Matéi Visniec, com direção de Rodrigo Spina. No CCBB, fica até novembro Babilônia Topical - A Nostalgia do Açúcar, com direção de Marcos Damigo. Já na Casa Urânia, estreou nesta semana AGDA, adaptação do conto de Hilda Hilst, com Gisele Petty, sempre às terças.
Segue até domingo a 8ª Mostra de Cinema Chinês no CCSP. Já entre sexta e domingo acontece na Cinemateca a Mostra de Cinema Holandês Contemporâneo. E como não vai ter newsletter na semana que vem e a partir de sábado os ingressos já começam a ser vendidos, vale ficar esperto na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Para terminar, está em cartaz na Millan, Visita Íntima, individual de Vanderlei Lopes. Já na Casa Triângulo, fica até novembro Bem Debaixo dos Meus Ossos, de Eduardo Berliner e, na Raquel Arnauld, vale uma vista à exposição de Elizabeth Jobim, A Linha Florescente.
Discos
Again, Oneohtrix Pint Never (Warp Records)
São muitos caminhos para explorar nesse novo álbum do mestre dos synths, mas o que me chamou mais a atenção, para além da queda pelas melodias bonitas, é o arco de influências que se cristalizam nas composições e vão de um romantismo clássico até uma eletricidade progressiva. Além do disco, vale ouvir os programas de rádio que Daniel Lopatin tem feito para divulgá-lo.
Plants, L_cio (D.O.C)
Orvalho (parte 1) abre o disco com um tema ambient em que uma flauta reina, criando um clima de comunhão lisérgica, para logo depois desembocar em uma segunda parte que aterra as raízes na pista, sem deixar a hipnose da flauta de lado. O novo disco desse que é um dos produtores brasileiros de que mais gosto não se prende ao som dançante, antes prefere trazer uma leitura abstrata da natureza que é inconfundível para quem já experimentou a sensação de comunhão proporcionada pelas descobertas do doutor Hofmann.
oê, Matthias Koole (OEM Records)
Para quem conhece os trabalhos anteriores do Matthias Koole, esse é um disco um pouco diferente, em que ele deixa a guitarra elétrica de lado e se concentra em improvisações com um violão acústico. O instrumento é usado em toda a sua extensão, sem nada de eletrônica, mas Koole traz alguns elementos acústicos externos para a brincadeira, como diapasão, arco e baqueta.
Luta ou Fuga, Mini Lamers (Relva Music)
O que eu mais gosto desse disco de estreia é a combinação de uma veia super pop, bem emoldurada pela produção de Tejo Damasceno e Nana Rizinni, com letras pouco óbvias, que têm um tanto de amor, mas também de reflexão sobre estar no mundo politicamente.
Livros
Os Substitutos, Bernardo Carvalho (Companhia das Letras)
Gostei muito do novo romance do Bernardo Carvalho, que explora a relação entre pai e filho durante uma viagem no coração da Amazônia no meio da ditadura militar, mas vai muito além dessa história fascinante. Escrevi uma resenha de verdade para o Valor Econômico no último fim de semana.
A Poesia que Há, André Caramuru Albert (Rizoma Editora)
Não é (só) porque somos amigos desde os tempos da Trip, onde Caramuru tinha uma coluna. Nos últimos anos, ele foi cada vez mais se aprofundando na literatura e na poesia, e seu novo livro está impregnado da falta de ar dos últimos anos, provocada pelo combo pandemônio e pandemia.
Filmes
Meu Nome É Gal, Dandara Ferreira e Lu Politti (cinemas)
Se eu pudesse sair da cama, iria ao cinema para ver essa biografia da Gal, sobretudo por conta das diretoras. Dandara sabe tudo sobre Gal depois de ter dirigido uma ótima série documental sobre ela para HBO.
In the Earth , Ben Wheatley (StarPlus)
Dica do meu amigo Semper Volt, esse é um thriller distópico de que mistura gore e psicodelia. Durante uma pandemia, um cientista se aventura em uma floresta no Reino Unido com uma guia para encontrar uma pesquisadora.
Séries
A Unidade (HBO Max)
A terceira temporada da série espanhola sobre uma unidade antiterrorismo, que traz novos episódios a cada semana, é a mais complexa até agora, porque deixa a Espanha e desloca seus principais personagens para o Afeganistão, dias antes da retomada do poder pelo Talibã.
Lupin (Netflix)
Essa série francesa que dialoga com os livros do Ladrão de Casacas teve duas boas temporadas. Pra quem busca um entretenimento ligeiro, a terceira temporada lançada agora é a mais legal delas, com a história se desenvolvendo em duas linhas do tempo. Boa distração.
Parabéns pelo 1 ano de newsletter! Que venham muitos mais! Que seja uma ótima recuperação e pode ter certeza que a programação cultural da cidade te aguardará de braços abertos no retorno! :)
força sempre e avante