Começa só na quarta que vem, mesmo assim não existe nada no calendário de arte brasileiro que chegue perto da Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Neste ano, a curadoria é de de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel. Eles selecionaram 121 artistas que trarão 1.100 obras ao Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera. O tema da mostra deste ano, coreografias do impossível, "é um convite a nos movermos por entre artistas que transcendem a ideia de um tempo progressivo, linear e ocidental. A impossibilidade é o fio condutor e o principal critério que guia a seleção desses participantes”, segundo texto dos curadores. Não por acaso essa é a bienal com mais artistas não brancos, sobretudo indígenas e negros, muitos com obras comissionadas para a exposição. A foto que ilustra esse post é pink-blu, obra de 2017 de Kapwani Kiwanga.
A Bienal também empresta seu tema para a ocupação mensal da Ladrilho Hidráulico na newsletter da Ubu que sai amanhã. Assina lá.
Para sair de casa
Para quem que ver uma mega feira de arte antes da Bienal, fica até domingo na ARCA, a segunda edição da SP-Arte Rotas Brasileiras. Até pela temática, as galerias também levam à ARCA uma série de artistas não brancos, fazendo um duplo interessante com a Bienal. Agora para quem gosta de arte popular, fica também até domingo no Espaço State a coletiva Arte dos Mestres, organizada pela ONG Artesol, reunindo mais de 200 obras de 20 artesãos de todo o país. Como as duas estão na Vila Leopoldina, pode ser um bom programa duplo no fim de semana.
No sábado, abre na Casa de Vidro a exposição Museu de Tudo, de Julio Villani, que fica até 4 de novembro. No mesmo dia abre no Edifício Vera a mostra off-bienal NENHUMLUGARAGORA, com trabalhos de 141 artistas e, na 55SP, abre a coletiva do projeto Ressonância, com trabalhos na intersecção entre as artes sonoras e visuais, como artistas como Cão, Vivian Caccuri, Cildo Meirelles e Meta Golova.
Começa hoje e vai até quarta a 18ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, que leva 10 filmes ao CineSesc. Em vários cinemas da cidade, segue até domingo o Curta Kinoforum. Também até domingo, o Cineclube Cortina mostra filmes do festival de Cannes.
Indo para o teatro, estreia hoje no Itaú Cultural a peça Sueño, da Heroica Companhia Cênica. Amanhã estreia no Cacilda Becker o espetáculo Cesária, do Coletivo Profanas, com direção e dramaturgia de Morgana Olívia Manfrim. Na terça, no Espaço Garganta, é encenada a peça B.O., de Marcos Gomes, com direção de Leonardo Cortez.
Já no universo da dança, estreia hoje no Sesc Pompeia Sanshin, que não é bem um espetáculo de dança, mas uma performance musical, visual e também de dança inspirada pelo instrumento de cordas japonês, com direção de Caito Marcondes. Já no Centro da Terra, hoje e amanhã, rola o solo Gambiarra - Soluções Imaginárias para o Amor, com Cora Lazlo.
Agora os clássicos. Toda a programação legal da semana está concentrada na Sala São Paulo. De hoje a sábado, na Temporada Osesp, a orquestra é regida por José Soares tendo como solista o pianista Jean-Louis Steurman. Já no domingo, tem o Festival Chopin com o pianista Alexander Kobrin e, na quarta, acontece o concerto de abertura do III Encontro da ABRACELLO.
De shows, hoje rola Brazilian Grupo no Sesc Pompeia, a última data da Leviatã Elástica com Marcelo Cabral, Inés Terra, Amanda Jacometi e Yuri Bruscky, Melly e Jota.Pê na Casa Natura Musical., Souto MC no Sesc Pompeia e Tasha & Tracie no Sesc Bom Retiro.
Na sexta tem três horas de ÀTTØØXXÁ no Cine Joia, Camisa de Vênus no CCSP, Conde Favela Sexteto do Sesc Santo André, Duo Gisbranco no Sesc Pompeia, Helô Ribeiro + Sweet Flavour no Picles., Lê Almeida + Kartas no Entr3posto, Orquestra Brasileira de Música Jamaicana no Mundo Pensante, Trupe Chá de Boldo no Sesc Pinheiros e Xepa Sounds, com Thaigo França, no Funilaria. Amanhã e sábado ainda rola A Cor do Som no Sesc Belenzinho. E, de sexta a domingo, tem Amelinha no Sesc Belenzinho e Arrigo Barnabé e Trisca no Sesc Consolação.
No sábado, BluBell e Petit Comitê tocam Boleros e Delírios no Bona, e tem Dead Fish no Sesc Bom Retiro, Far From Alaska no Sesc Guarulhos, Festival Vozes da Amazônia na Casa Natura Musical, José Miguel Wisnik no Sesc Pinheiros e Pretinho da Serrinha no Sesc Pompeia.
Para quem curte festivalzão longe, caro e cheio de nomes óbvios tem o The Town no sábado e no domingo. No fim de semana também rola Alice Caymmi no Sesc 24 de Maio, Jards Macalé no Sesc Pompeia, Rico Dalasam no Sesc Vila Mariana e Rincon Sapiência com Akins Kintê no Sesc Santana.
No domingo, rola Arto Lindsay na Auroras, Gafi do Amilcar no Na Miúda Café e Tiganá Santana canta Milagre dos Peixes no Sesc Pinheiros, com participação de Conceição Evaristo.
Na segunda começa uma nova temporada no Centro da Terra: Águas Turvas, com Dinho Almeida do Boogarins. E, na terça, tem Thiago França Trio no Centro da Terra e Mazin Silva no Instrumental Sesc Brasil, no Sesc Consolação. Para terminar, na véspera do feriado rola Bruna Lucchesi no Sesc Avenida Paulista.
Já pra quem está afim de pista, sexta tem Festa Bença no Miúda e, pertinho, Só Disco Salva no Pratododia. Sábado tá puxado: tem a volta da Compacto, na Balsa, Dancemania, da ODD, de graça na Praça Ramos de Azevedo, Hi Tek Soul e Brune no Lote, Micélio no Margem e Pista Quente no Terr3no. No domingo a boa é Vini Pistori + Julio Torres + Ana CMP no Lote. Na quarta, tem festa nova com o mítico DJ Magal: Olliv I.A., na Casa da Luz, além de Primavera Te Amo no Mundo Pensante.
Discos
Boate Invisível, Tatá Aeroplano
Desde os tempos de Frito Sampler que o Tatá Aeroplano flerta com música para dançar. Boate Invisível é uma delícia, passa por muitos caminhos de música para mexer os quadris com um som de banda incrível, sobretudo os teclados de Dustan Galás. É um disco feito com alma coletiva, com Bruno Buarque, Junior Boca, Kika e Malu Maria desenvolvendo os sons juntos.
The Return of DJane Fonda, Bárbara Eugênia
Bárbara Eugênia já lançou disco com Tatá Aeroplano, e esse seu novo trabalho é tipo o par perfeito para Boate Invisível. Quando ela encarna essa persona da DJane Fonda, traz aquela vibe disco oitentista deliciosa, com sons fáceis pra quem curte se acabar na pista. E ainda tem o charme das participações lisboetas.
The Greater Wings, Julia Byrne (Ghostly International)
Tristeza não tem fim. Ando numa fase que música triste faz todo o sentido. E esse terceiro disco da compositora de Nova York tem batido forte aqui. A base é o folk, e as canções exalam uma melancolia sobrenatural, muito influenciada pela morte inesperada do produtor Eric Littmann no meio do processo, aos 31 anos.
Travel, The Necks (Northern Spy Records)
A música aberta é meu lugar de conforto, e tenho ouvido muito esse disco do trio de vanguarda australiano para entrar no modo suspensão do pensamento. Os temas são longos, e passeiam por muitos caminhos, do jazz aos sons do oriente médio, evocando viagens astrais, acessadas em um estado quase meditativo.
Livros
As Pequenas Chances, Natália Timerman (Todavia)
Um livro que trata da perda do pai. Neste processo de elaboração desse luto, há toda uma conexão forte com a vida, com a família, com as tradições. Se nas primeiras partes o foco é a perda paterna através de diferentes lentes, a terceira narra uma viagem em família à terra dos antepassados, abrindo ainda mais a perspectiva e aprofundando, inclusive, a relação com o judaísmo.
A Vergonha É um Sentimento Revolucionário, Frédéric Gros (Ubu)
Ao longo de 14 ensaios, o filosofo francês vai de Sócrates a Lacan, de Franz Kafta a Annie Ernaux, de Jacques Lacan a James Baldwin, misturando referências da filosofia, da literatura e do cinema para explorar como, por meio do afeto, é possível transformar o sentimento de vergonha em potência revolucionária.
Filmes
Fluxo, André Pellenz (cinemas)
Um casal em crise decide se separar, mas no meio do processo vem a pandemia e o lockdown e os dois são forçados a conviver.
Para Onde Voam as Feiticeiras, Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral (cinemas)
Falei dele na pré-estreia: é um documentário mas também um experimento cênico polifônico, com as múltiplas vozes da resistência política que vêm da aliança entre coletivos LGBTQIA+, negritude, indígenas e trabalhadores sem teto.
Séries
O Urso (Starplus)
Essa é, sem dúvida, a melhor série que vi recentemente, não só pelo roteiro, impecável no tom e no descortinar das personagens, mas também pela câmera inquieta, próxima, e pela edição frenética. A segunda temporada da série sobre o chef de cozinha de Chicago acaba de ser lançada. Como é difícil falar dela sem dar spoiler, simplesmente assistam.
Olhares sobre São Paulo: Especial Hip-Hop (Sesc Digital)
Feita em em cinco episódios, a série celebra os 50 anos dessa revolução por meio dos depoimentos de Marcelinho Backspin (b-boy de Taboão da Serra), DJ Zeme (do Grajaú), Fabiano Minu (grafiteiro de Guarulhos), Sharylaine (rapper da Vila Carrão) e Nelson Triunfo (pioneiro da cena Hip Hop paulista). Por enquanto só o primeiro episódio está disponível.
que disco maravilhoso esse da julie byrne... <3