Jards Macalé foi o grande vencedor do Grande Prêmio da Música, dado pela APCA, associação da qual faço parte, neste ano. Claro que pesa o conjunto da obra, mas um dos motivos foi o lançamento do excelente Coração Bifurcado, que ele leva ao Sesc Bom Retiro de sexta a domingo. Um show imperdível para quem gosta de ver um grande artista ainda em plena ebulição.
Sempre na primeira semana do mês, a Ladrilho Hidráulico ocupa a newsletter da Ubu Editora. Na edição de amanhã, um cruzamento entre carnaval e psicanálise. Freud explica. Pode assinar a news da Ubu aqui. E, falando na folia, não dou conta de acompanhar todos os movimentos que já estão tomando a cidade, mas o SP Afora dá. E pra saber o horário e itinerário dos blocos vale ver o Blocos de Rua.
Para sair de casa
Hoje e amanhã, no Theatro Municipal, a OSM sob a regência de Roberto Minczuk, traz um programa com Elgar e Bruckner, tendo o prodígio romeno do violoncelo Andrei Ioniță como solista. E, no domingo de manhã, a Orquestra Experimental de Repertório, com Guilherme Rocha conduzindo, apresenta peças de Schumann e Tchaicovsky, de graça, na Sala São Paulo.
Seguindo pelo mundo dos sons, hoje tem Carla Casarim no Teatro da Rotina, Charanga do Franca convida Fanfarra Manada na Casa Natura Musical, Cornucópia Desvairada no Mundo Pensante, Cronixta no Sesc 24 de Maio, Junio Barreto no Bona, Lucas Santtana pilotando a experiência sonora Modo Avião, no Sesc Pinheiros, Teresa Cristina no Sesc Bom Retiro, Yannick Hara e a Terra em Transe no Bar Alto e o Xoroxangô fazendo uma homenagem à incrível Wanessa Dourado, que partiu tão cedo, no Funilaria. Hoje, sábado e terça tem ainda Manu Chao no Cine Joia, tá esgotado, mas vai que…
Amanhã rola Adriano Grinberg cantando Caymmi no CCSP, Álvaro Couto e Giovanni Matarazzo no Sesc Santo Amaro, Bitita - As Composições de Maria Carolina de Jesus no Sesc Santana, Julio Meloni e Cães de Pavlov no A Porta Maldita, Helio Bentes, Barromeo, Robinho Tavares e Thiaguinho Silva numa homenagem aos 50 anos do Tábua de Esmeralda, de Jorge Ben, no Alma, Lê Almeida + André Medeiros na Garagem Beleza, Lucas Santtana no Sesc Pinheiros, Luiz Thunderbird e Tatá Aeroplano em homengaem a Jupiter Maçã no Picles, Mariana Aydar inaugurando uma nova casa em Santa Cecília, o Boca Cultural, MC Tha no Sesc 24 de Maio, Roberta Gomes no Sesc Campo Limpo, Samba pros Orixás no Cineclube Cortina, e Xepa Sounds no Funilaria. E, de sexta a domingo, tem João Bosco no Sesc Belenzinho.
Sábado rola Anná no Sesc Campo Limpo, Ballburya, The Amner, Mandiê e Herezia HC no A Porta Maldita, Black Mantra convida Carlos Dafé no Blue Note, Dallas, Mateamargo e Halleck no Depois do Fim do Mundo, Festival Cafuçu Fora da Linha no Tendal da Lapa, IKORE na Garagem Beleza, Lô Borges, Beto Guedes e Flávio Venturini no Tokio Marine Hall, Maurício Pereira e Tonho Penhasco no Boca Cultural, Pastoras do Rosário no CCSP, Paulo Padilha no Sesc Consolação, Silvia Machete/ Rhonda na Casa de Francisca e Zerø no Madame. Sábado e domingo tem ainda Boogarins no Sesc Vila Mariana, Casa Ramil no Sesc Pinheiros, Johnny Hooker no Sesc 14 Bis, Karnaval do Karnak no Sesc 24 de Maio e Rodrigo Ogi no Sesc Santana. E, no domingo, Felipe Cordeiro com Manoel Cordeiro no CCSP.
A programação do Centro da Terra volta na segunda com Dadá Joãozinho. Terça tem Joabe Reis no CCSP, Nina Maia no Centro da Terra e Matheus Marinho Trio, no Instrumental Sesc Brasil, no Consolação. Na terça e na quarta, rola Zeca Baleiro na Casa de Francisca e, na quarta, Juliana Perdigão no Sesc Pinheiros, Samba de Dandara convidando Nega Duda na Casa Natura Musical e Vanessa Moreno no Bona.
Indo pra pista, hoje eu iria no Pratododia All Stars. Amanhã rola Afrika Baile no Centro Cultural Afrika, Anna Collecta no Ephigenia, Entrópica no Pratododia, Flerte na Tokyo, Iracema Especial Iemanjá no Miúda, Johnny Luxo e Marina Dias na inauguração do Lord Byron Club, Tempdirruba com renda destinada à Pastoral do Povo da Rua e Veraneio no Porta.
Sábado tem Calefação Tropicaos no Mundo Pensante, Cremosa Vinil no Matiz, Festa Luna no Bar Alto, LZ MC Can e Giu Nunez no Caracol Bar, Nave na D-Edge, Poly-Ritmo e Coletivo Miramar no Lote e Vinagrete na Balsa. Já no domingo, Avulsa no Entr3posto, Richard Fribert e Sol no Lote e Risca Fada no Miúda. Pros sobreviventes, rola Forró dos Ratos no Estúdio Lâmina na segunda.
Indo para a dança, o Camaleão Grupo de Dança apresenta o espetáculo Verga na sexta no Sesc Carmo, no sábado e no domingo no Sesc Intergalos e na terça e na quarta no Sesc Pinheiros. Já Corpos Velhos - Pra Que Servem?, com direção artística de Luis Arrieta, leva uma geração de veteranos da dança ao palco do Theatro Municipal, na quarta.
Na sexta, no Cemitério de Automóveis, acontece mais uma edição do Escrita na Cena. De sexta a domingo, no Sesc Consolação, está em cartaz Bom Dia Eternidade, com o grupo O Bonde. Na Vila Maria Zélia, o Grupo XIX de Teatro apresenta até quarta Interruptor, Dispositivos para Desligar a Corrente. Já no Teatro Flávio Império, o Coletivo dos Anjos apresenta A Fuzarca dos Descalços no sábado e no domingo. E vai só até domingo, no Teatro do Sesi, o musical Bossa Nova Cabaret Bar.
Grande nome da edição deste ano da Bienal de Veneza, Anna Maria Maiolino abre no sábado a individual Querer Não Querer, Desejar e Temer, na Galeria Luisa Strina. Hoje na Casa Triângulo Albano Afonso, que está com a individual Fora de Registro, conversa com o curador Eder Chiodetto. Sábado é o último dia para ver O fardo, a farda, a fresta, de Rivane Neuenschwander no Galpão da Fortes, D’Aloia & Gabriel, e, no domingo, também acaba a mostra Até a Amazônia com Ailton Krenak, de Hiromi Nagakura, no Instituto Tomie Ohtake.
Discos
ACELERO, Crizin da Z.O. (QTV)
A cada faixa, mais peso e mais surpresa. Esse é outro desses discos que saem no começo do ano e já entram de cara na minha lista dos melhores. Quem reclama que funk não tem letra boa, precisa ouvir a filosofia contemporânea destilada pelo artista do Rio, infectada por beats sinistros, que vêm da espinha dorsal do funk, mas passeiam por muitos outros estilos, indo dos breakbeats maldosos até a aceleração surreal de estilos eletrônicos como o gabba. Foda demais.
In Anderem Licht, Barbara Morgenstern (Staatsakt)
Para quem começou a curtir a compositora alemã com sua mistura de piano e eletrônica, esse é um disco que surpreende pelo caminho acústico. Com uma banda com cello, violino, baixo de pau, sax e bateria, as canções levadas pelo piano ganham uma dramaticidade única, sob uma luz diferente de fato. Lindo.
Minas, Čao Laru (Pequeno Imprevisto)
Quem me conhece sabe que o neologismo cantautor, para designar esse tipo que brota como cogumelo depois da chuva nas montanhas de Minas, me arrepia a alma. Mas sempre existe a esperança da subversão. No novo disco do Čao Laru, eles se juntam a compositoras e cantoras mineiras como Ceumar e Luiza Brina em um processo de composição coletivo que resulta em ótimas canções.
Carne de Caju, Mombojó
Os pernambucanos vão em busca de suas origens musicais aos retrabalhar as canções de Alceu Valença com sua pegada única de rock expandido. As canções que eles escolhem repensar são sobretudo dos anos 1980 e 1990, o álbum mais representado é Estação da Luz, de 1985, fugindo tanto dos sucessos radiofônicos quanto da psicodelia cultuada dos anos 1970. E essa escolha é bem interessante.
Livros
Pessoas Decentes, Leonardo Padura (Boitempo)
Li nas férias o novo livro em que o escritor cubano volta a seu personagem mais icônico, o detetive Mario Conde. São duas narrativas que se entrelaçam, na Cuba de 2016, que recebe Obama e Rolling Stones, Conde tenta desvendar o mistério da morte de um censor poderoso, que entregou diversos artistas na fase mais stalinista da ilha. Ao mesmo tempo, o detetive escritor resgata uma história real de um cafetão do começo do século 20.
Vou Mudar a Cozinha, Ondjaki (Pallas)
Nesses seis contos, o angolano expande seu olhar de Luada para outros países, como o Brasil a China e a Sérvia, e passa a enxergar o mundo pela lente de personagens femininas, com uma escrita muitas vezes poética em que ação e ambiente são mesclados para construir espaços com mais dimensões que o real.
Filmes
Pobres Criaturas, Yórgos Lánthimus (Cinemas)
Um filme pop, mas com um olhar singular, essa é uma releitura de Frankenstein em que o monstro é uma mulher. Faz uma bela ponte entre passado e presente, com Emma Stone, Willem Dafoe e Mark Ruffalo.
Assassinos da Lua das Flores, Martin Scorcese (Apple TV+)
Falei dele nos melhores do ano, mas agora o último, e brilhante, Scorcese, chega ao streaming. É um épico que passa voando, sobre a ganância e o extermínio dos povos originários, em um período posterior à colonização.
Séries
Griselda (Netflix)
Inspirada na história real da traficante colombiana Griselda Branco, e feita pelos produtores de Narcos, a série promete ser o novo fenômeno da Netflix. Em seis episódios, narra a sua fuga de Medelín para Miami, onde se torna uma poderosa traficante de cocaína.
True Detective (HBO Max)
Uma das séries mais legais já feitas volta para uma quarta temporada, com episódios novos saindo semanalmente pela HBO. Agora ambientada no Alaska e com Jodie Foster e Kali Reis como protagonistas, a série foca na resolução de um novo crime, mas volta também ao passado.