O Coala volta a ocupar o Memorial da América Latina de sexta a domingo. Só perdi uma edição desse festival que, pra mim, é a vitrine da nova música brasileira. E consegue fazer isso de um jeito esperto, chamando os figurões, como Jorge Ben Jor e Novos Baianos, como isca para apresentar novos artistas como Sophia Chablau, Jadsa, Bruno Berle. Nesta edição, o que chama a atenção são os encontros: Marcos Valle com Céu e Joyce Moreno, Jards Macalé com Tutti Moreno e Ana Frango Elétrico tocando o icônico disco de 1972, Fafá de Belém com Johnny Hooker, Marina Lima com Fernanda Abreu, Letrux com Angela Ro Ro. Tudo no tamanho certo para não ter perrengue.
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Para sair de casa
De hoje a sábado tem Gilberto Gil & Família no Espaço Unimed. Bem que o Gil podia fazer uma surpresa e dar um pulo no show do Jorge Ben Jor no Coala no domingo, né? Hoje também rola Douglas Germano na Casa Natura Musical, Mutrib - Músicas dos Balcãs no Jazz B, Odair José acústico no Bona, Pullovers no Bar Alto, Test Big Band no Sesc Avenida Paulista e Tony Tornado em homenagem a Tim Maia no Blue Note. Tá esgotado, mas vale tentar a lista de espera pra ver Rodrigo Campos tocar Bahia Fantástica com Romulo Fróes e Juçara Marçal na Casa de Francisca. E hoje e amanhã ainda tem Zé Ibarra no Sesc 24 de Maio.
Amanhã tem Alesandra Leão e Sapopemba na Casa de Francisca, Alzira E + Corte no Sesc Avenida Paulista, Arismar Espírito Santo no Sesc Vila Mariana, Duo Ana & Eric na Vila Itororó, Hercules Gomes no Sesc Ipiranga, Maurício Pereira e Tonho Penhasco na Biblioteca Mário de Andrade, Ná Ozzetti Trio com Dante Ozzetti e Mário Manga no Bona, Pretobrás, E daí?, homenagem a Itamar Assumpção, no Sesc Pinheiros e Tagua Tagua no Sesc Belenzinho.
Sábado rola A Feira Elétrica no Picles, Aláfia no Sesc Santo André, Banda Mantiqueira no Blue Note, Bob Wyatt Trio no Jazz B, Central Underground Extreme Fest no Tendal da Lapa, Exportação na Casa Rockambole com Vandal, Barona, Antoconstantino, Meio Feel, Mari Fillipo, Jacquelone e MNS, Hamilton de Holanda e Gozalo Rubalcaba na Sala São Paulo, Monica Salmaso no Tokio Marine Hall, Mickey Junkies no Sesc Avenida Paulista, Pagode da 27 no Boteco da Dona Tati e Yago Oproprio no Sesc Belenzinho.
Já no sábado e no domingo rola Alaíde Costa, Zezé Motta e Eliana Pittman no Sesc Vila Mariana, Hurtmold no Sesc Santana, Jadsa tocando Todos Os Olhos, do Tom Zé, no Sesc 24 de Maio, Maira Freitas e o Jazz das Minas no Sesc Bom Retiro e Otto cantando Reginaldo Rossi no Sesc Ipiranga. E, no domingo, Guilherme Held no Sesc Avenida Paulista, Pau Brasil no Sesc Pinheiros e Saskia + Frannk Whitte + Rei Lacoste no Bar Alto.
Na segunda a boa é a sequência da temporada do Dinho Almeida no Centro da Terra, um show que promete ser o mais frito dos quatro, com bastante improv, com as participações do duo Carabobina, de Desirée Marantes e de Bruno Abdala. Terça tem Bike & Tagore no Centro da Terra, Igara convida Paulo Santos no Sesc Consolação, Ricardo Teté e Vinícius Calderoni no Bona e Webster Santos convida Monica Salmaso e Pretinho da Serrinha na Casa de Francisca. Na quarta rola Anna Ratto tocando Arnaldo Antunes no Bona, Arthur Nestrovski & Celsim tocando João Gilberto na Casa de Francisca, José Gonzáles no Cine Joia, Marília Calderón no Centro da Terra e Mestre Ambrósio no Sesc Bom Retiro.
Na última terça fui conhecer o Matiz, um bar pra ouvir música com qualidade e, claro, dançar, na cobertura do edifício Carlos Rusca, no centro. Essa é a semana de soft oppening, e tem uma programação incrível de DJs. Hoje tem a turma da Gop Tun, amanhã rola o lançamento do LP do Robson Jorge & Lincoln Olivetti com discotecagem do Trepanado, sábado tem Cremosa Vinil e, no domingo, Ale Reis, Giu Nunez e Kevin (Discogs). O lugar é incrível, e o som, fino.
Seguindo na pista, hoje rola Jacquelone no Miúda, amanhã tem Oh My God no Pratododia, Perifa no Toque no Cineclube Cortina, Pista Quente no Porta e Trabalho Sujo no Bar Alto. No sábado tem After do Coala no Cineclube Cortina, Camaleoa na Balsa, Clubinho no Bar Alto, Freebeats Okupa no Miúda, Mamba Negra Cancela a Europa em um lugar secreto, Tahira e Grazi Flores no Lote e Terremoto na Central 1926. Já no domingo, Punk Reggae Party no Tendal da Lapa e Trommer convida Annyl no Lote.
No Municipal, a partir de amanhã tem programa duplo de ópera com Isolda/Tristão, de Clarice Assad, libreto de Marcia Zanelatto e direção cênica de Guilherme Leme Garcia, e Aindamar, de Osvaldo Golijov com libreto de David Henry Hwang e direção cênica de Ronaldo Zero.
Indo para o teatro, eu não perderia de jeito nenhum o monólogo Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, texto literário de Plínio Marcos que ganha vida numa atuação brilhante de Ícaro Rodrigues, dirigido pela Roberta Estrela D’Alva. Sextas e sábados no Sesc Vila Mariana. E amanhã estreia no Sesc Belenzinho G.A.L.A., novo espetáculo de Gerald Thomas e, no Teatro B32, A Rouxinol e a Rosa, inspirada no texto de Oscar Wilde, com direção de Rony Guilherme Deus. Na quarta, tem Trovadores do Miocárdio na Balsa.
Para quem gosta de dança, hoje e amanhã, no Centro da Terra, acontece o solo Vírgula ILTDA, com Jéssica Alves, e amanhã tem Copyleft, com concepção e coreografia de Jorge Garcia, no CCSP. No fim de semana rola ainda The Eight, com a São Paulo Companhia de Dança no Sesc Guarulhos.
E vai até domingo no CCSP a mostra Os Filmes Mais Tristes do Mundo. E, no sábado, no Belas Artes, rola uma sessão sonorizada ao vivo do clássico Fome de Viver, de Tony Scott. Já o CCBB traz mostra com filmes do espanhol Alex de la Iglesia.
Para terminar, exposições. Não dá pra perder a Bienal, mas tem outras coisas legais. Hoje tem sessão Canteiro, às 20h, mostrando filmes de Lenora de Barros. Fica até 7 de outubro, na Casa SP-Arte, a individual de Maxwell Alexandre, Novo Poder: passabilidade, Miss Brasil. Já na Sé Galeria, fica até 21 de outubro Mestre Dicinho: Escultórico tropical abstrato animal. E, no Sesc Pompeia, dentro do projeto Ofício Fio, abriu nesta semana a exposição Recorte, de Martinho Patrício.
Discos
The Beggar, Swans (Young God Records)
Sou suspeito quando se trata de Swans, sou fã do Michael Gira desde os anos 80. Só que na última década, tudo que era absolutamente caótico foi sendo domado pela canção. Ainda assim é uma canção expandida, e as letras ficam melhores a cada novo álbum. Beggar tem esse peso torturante, uma certa ironia, sem deixar de ser reflexivo. Um som pra quem gosta de Nick Cave e Sonic Youth.
Mata Grossa, Alzira E + Corte
Só as letras dessas canções, suas evocações ao mundo natural, ao feminino e à palavra já seriam incríveis. Mas quando elas são vestidas pelo som do Corte, ficam com uma radicalidade rara na música brasileira. Os baixos reinam, seja nas cordas como nos sopros, e a música toda é fricção, levando as letras e os pulsos para outras dimensões.
Slowly Forgetting, Barely Remembering, Martyna Basta (Warm Winters)
Ouvi muito esse disco neste ano, mas acabava não trazendo para cá por que nem sempre consigo abrir espaço para os sons experimentais que amo. Esse disco da compositora polonesa é todo feito a partir de camadas, muitas delas vocais, e trabalha os diferentes registros da memória, a partir da justaposição de múltiplas fontes sonoras, muitas deles envoltas em conforto.
Ancent Future, Dwight Trible (Gearbox Records)
Um dos papas da cena de jazz de Los Angeles reúne uma série de músicos incríveis para explorar a ciência do groove, indo do sax de Kamasi Washignton ao piano de John Beasley, passando pelo baixo potente de Andrew Gouché e os vocais de Georgia Anne Muldrow. Tem o pulso do funk e a liberdade do jazz.
Livros
A Música no Brasil que Você Toca, Edson Natale (Paraquedas)
Um livro em que a música brasileira aparece com todo o seu esplendor, justamente porque aqui não estamos falando apenas das músicas consagradas, ouvidas, pensadas e repisadas. Os textos nascem da experiência de Natale como músico e gestor cultural, e dão corpo às histórias que ele recolheu rodando o país.
O Corpo de Laura, Laura Redfern Navarro (Mocho)
Muito legal quando uma jovem poeta surpreende. O livro traz uma experiência de poesia em diálogo com a imagem, e, mais do que isso, embaralha as vivências da Laura adolescente com uma exploração do universo simbólico de Laura Palmer, a personagem de Twin Peaks, de David Lynch. Está em pré-venda, mas vai ser lançado neste sábado na Casa das Rosas, com leituras e debates.
Filmes
Estranha Forma de Vida, Pedro Almodovar (cinemas)
O novo Almodovar fala da história de dois amigos pistoleiros que se reencontram depois de 25 anos. Um é um rancheiro, outro um xerife. Mas a conexão entre os dois vai além, inclusive, do amor que um tinha pelo outro.
A Noite das Bruxas, Kenneth Branagh (cinemas)
O diretor que ficou famoso levando Shakespeare às telas, agora entrou em uma viagem Agatha Christie. Aqui o detetive Hercule Poirot tem de desvendar uma série de assassinatos em Veneza, envoltos em mistérios sobrenaturais.
Séries
The Morning Show (Apple TV+)
Começou nesta semana a terceira temporada dessa série em torno de um programa jornalístico matinal na TV aberta nos Estados Unidos. Jennifer Aniston e Reese Witherspoon estão incríveis nas primeiras duas temporadas. Essa terceira temporada começa com o futuro da emissora em xeque, ou seja falando do jornalismo de hoje.
As Aventuras de José e Durval (Globoplay)
Assim como o filme Dois Filhos de Francisco, do Breno Silveira, a série que fala da gênese de Xitãozinho e Xororó consegue ser legal até para quem tem ressalvas com a música.