Esta newsletter foi feita no pico do pior inferno astral pelo qual eu já passei. Daqueles que colocam em xeque uma vida desdenhando o destino guiado pelos astros. Se existe um antídoto para toda essa tempestade interna, é saber que o mundo lá fora oferece coisas incríveis como a nova edição do Chiii - Festival de Música Criativa, que começa na terça que vem com um encontro único entre o Metá Metá e a Quartabê (foto), fazendo música improvisada.Vou viajar, mas se estivesse em SP acamparia na porta para conseguir um dos ingressos gratuitos. A programação segue incrível para quem gosta de novos caminhos na música e vai até o domingo, dia 6.
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Para sair de casa
Está na Marli Matsumoto Arte Contemporânea a coletiva Mestre de Obras: 25 anos do CAPACETE. No CCSP neste fim de semana rola a performance Negrociação #2, de Yhuri Cruz, como parte da exposição A(U)TOS: A(U)TO1 - CONTRA COGENTE, curada por Victor Hugo Souza. Pensando no ano indígena do Masp, vale visitar Comodato Masp Landmann, com cerâmicas e metais pré-colombianos. Já na Galeria Luisa Strina, vale ver Pueblo Fantasma, individual da argentina Magdalena Jitrik. E, no sábado abre na Choque Cultural a individual de Erica Mizutani.
Indo para o teatro, no Galpão do Tapa, está em cartaz Credores, de August Strindberg, com direção de Eduardo Tolentino de Araujo e sessões de quinta a sábado .No tetaro Arthur Azevedo está em cartaz O Mar, de Federico Roca, com direção de Fernando Nitsch e sessões às sextas e sábados. E vai só até domingo, no Espaço Sobrevento, o espetáculo Pérsia, dirigido por Sandra Vargas e Luiz André Cherubini. É gratuito, mas precisa pedir ingresso pelo e-mail info@sobrevento.com.br ou pelo WhatsApp 11 966258215. No CCSP, a Cia de Dança Anderson Couto apresenta Terezas de hoje a sábado.
Começa hoje no CineSesc a Mostra de Cinema Israelense. Vai até 6 de agosto a mostra 1973 50 Anos Depois, na Cinemateca Brasileira. E segue no CCBB a mostra El Camino - Cinema de Viagem da América do Sul.
Indo pra música, hoje rola Àiyé no Bar Alto, Samba pros Orixás no Mundo Pensante, Perdido e Lulina no Picles, Alice Caymmi no Blue Note e Anna Setton na Casa de Francisca. Sexta tem Noite Escura na Associação Cultural Cecília, com Áspero, Lorena Hollander, Felinto, Nelson D e Sarine, Black Hole Fest com Docaos, Meta Golova, Inunda, Venice Vamps e Ballburya. No Bananal, rola Otis Trio com Carol Cavesso, no Espaço Alto, Letrux e Thaigo Vivas, no Picles, Jonata Doll + Guilhermoso, no Jazz B Osmar Milito e Bob Wyat convidam Sidiel Vieira e, no Bona, Tó Brandileone.Um lance especial na sexta é a sessão de Bacurau com trilha ao vivo dos Boogarins para comemorar um ano de Cineclube Cortina.
Sábado rolam os 25 anos da Planta e Raiz na Audio, Maurício Pereira e Tonho Penhasco tocam o incrível Micro no Bona, e Beto Lee faz homenagem à sua mãe, Rita Lee, no Vibra. No Depois do Fim do Mundo tem Gabriel Thomaz, The Edwoods e Cadillacs. Já no domingo tem Samba de Dandara na Casa Natura Musical e, de tarde, Samba do Sol convida Discopedia na Casa Rockambole, para terminar, Karol Conká no Tendal da Lapa.
Segunda é a última apresentação da Maria Beraldo no Centro da Terra. Nessa ela vai mostrar suas músicas novas. Por lá, na terça, tem Laura Lavieri. No mesmo dia também rola Caixa Cubo na Casa de Francisca, que na quarta recebe Rodrigo Ogi com banda.
Abrindo o giro pelo Sesc. Hoje rola Quinta Essentia Quarteto e domingo tem Bruno Bruni tocando Super Mario 64 no Vila Mariana, como parte da programação bem legal do VEM, que vai até domingo em diversas unidades do Sesc, trazendo além de shows, vivências, intervenções, oficinas e cursos.
Hoje também tem menores atos no Carmo e, de hoje a sábado, Adriana Calcanhoto no Pompeia. Amanhã rola a incrível Ensemble Choro Erudito no Santo Amaro e, depois, por lá mesmo, Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Suzana Salles prestam homenagem a Itamar Assumpção. No Belenzinho, Lucas Santanna mostra seu novo disco. Sexta e sábado tem Bala Desejo no Pinheiros, e, de amanhã a domingo, Fafá de Belém no Vila Mariana. No sábado tem Mestrinho no Santo Amaro. E no sábado e no domingo eu não perderia a Mariá Portugal no Avenida Paulista. Para fechar, no domingo tem Ava Rocha no Pinheiros e Papangu no Carmo.
Hoje eu vou pra pista ouvir meus amigos do Micélio na Heavy House. Sexta no Porta rola Chso, Nicolas P e Stroka. Já o sábado tá quente: tem Camaleoa com as garotas da Cremosa Vinil na Balsa no fim da tarde, Dedo no Cue e Gritaria no Tokyo, Festa Mais no CineJoia, Santo Forte no Fabrique, Benja e Cohen no Lote e Mamba Negra pra fechar a noite. E, no Lote, tem Sunday Sessions no domingo.
Discos
My Back Was a Bridge for You to Cross, ANOHNI and the Johnsons
Parece que parte do inferno astral é não conseguir fazer o embed do Spotify aqui no Substack nesta edição. Não consegui ouvir esse disco sem chorar do começo ao fim. Ok, talvez isso fale mais sobre mim. Mas a verdade é que fazia tempo que eu não ouvia um disco sobre corações partidos que batesse tão fundo. A voz de ANOHNI é de outro mundo, as letras, quase mundanas traduzem muito bem as dores do amor. Trancendência pela dor ainda é transcendência.
Pixinguinha Canção, Pixinguinha Como Nunca (Deck Disc)
Esse é o último lançamento de quatro discos que lêem a obra do mestre Pixinguinha. Esse último é especial porque traz inéditas do mestre do choro com letras de Arnaldo Antunes, Nei Lopes, entre outros. Essa série é um trabalho incrível dos pesquisadores Henrique Cazes com o neto de Pixinguinha, Marcelo Vianna. Os outros discos que compõe a série são Pixinguinha na Roda, Pixinguinha Virtuose e Pixinguinha Internacional.
Picture of Bunny Record, Arthur Russell (Audika Records)
Quando Russell morreu, em 1992, quase não havia lançado discos, a despeito de ser um nome frequente na cena de Nova York nos anos 1970 e 1980, a maior parte das obras que temos dele são póstumas e abraçam a extensa gama de seus interesses. Como cellista, se envolveu na cena de improv da cidade, mas já no começo dos anos 1980, mergulhou de cabeça na música para dançar, sem nunca deixar de lado as canções. É essa mistura que está nesse álbum feito a partir de suas últimas sessões de estúdio, quando já lutava contra a Aids. Lindo demais.
Bright New Desease, Boris & Uniform (Sacred Bone Records)
Se nesta semana ANONHI me botou a chorar copiosamente, essa colab entre os japoneses do Boris e os americanos do Uniform me colocou rendido em um calabouço. Boris trafega entre muitos estilos do rock, sem medo do ruído, já o Uniform vem de uma escola do som pesado industrial. Juntos, dão uma surra nos ouvidos, daquelas tão fortes que limpam a mente, para o bem ou para o mal.
Livros
Onde Pastam os Minotauros, Joca Reiners Terron (Todavia)
Para quem leu os últimos romances desse que é um dos escritores brasileiros mais inventivos, a arte de dar uma volta na realidade e trazer seus aspectos mais brutais e absurdos está sempre presente. Nesse romance ambientado no Mato Grosso, nossa realidade recente é contraposta ao passado e ao sonho por meio da história de três abatedores e uma secretária. Tem um trecho no Nexo.
O Ato Criativo: Uma Forma de Ser, Rick Rubin (Sextante)
Costumo falar das coisas de que gosto aqui. Às vezes uma boa dica é fazer o leitor não perder tempo. Indicado por alguns amigos, fui ler esse livro sobre o ato criativo de um dos produtores que admiro muito. Dizer que é um livro de auto-ajuda é rebaixar os livros de auto-ajuda. É raso, sem charme na escrita, cheio de truísmos e platitudes. Quer ser um criador? Leia qualquer coisa, menos isso.
Filmes
Capitu e o Capítulo, Julio Bressane (cinemas)
Eu sou muito fã do cinema do Julio Bressane justamente pela ponte que faz entre a palavra e o mundo das imagens. Com Mariana Ximenes, Enrique Díaz, Vladimir Brichta no elenco, o filme abre novas perspectivas interpretativas para a obra de Machado de Assis.
Blue Jean, Georgia Oakley (cinemas)
Inglaterra 1988: Tatcher no poder, e uma cruzada contra homossexuais. Esse é o pano de fundo deste filme que trata com um olhar político para a história de uma professora de educação física obrigada a esconder a sua orientação sexual para continuar dando aulas.
Séries
Sintonia (Netflix)
Desde a primeira temporada, eu gosto muito de Sintonia, de suas três histórias que se cruzam na periferia de SP: o funk, a igreja evangélica e o PCC. A quarta temporada tem o melhor roteiro até agora, porque consegue ir mais fundo nos temas tratados, sobretudo o olhar para o sucesso, para o universo das prisões e a relação política dos evangélicos. Mesmo quem não curte funk precisa ver.
Fundação (Apple TV+)
Tenho um lado nerd cultivado desde a adolescência. Os livros de Isaac Asimov deram um empurrãozinho nesse sentido. Saiu agora a segunda temporada dessa adaptação bem feita do universo da trilogia Fundação. O único porém é esperar os próximos episódios, que são lançados semanalmente.