Na semana em que a Bienal anuncia os nomes da próxima edição, eu quero falar de uma iniciativa que vai municiar as bienais dos próximos anos. Abre no sábado, no Paço das Artes, uma nova edição da Temporada de Projetos 2023, coletiva que seleciona jovens artistas desde 1997. Os temas dos projetos deste ano tratam do imaginário nacional, da memória, da privação de liberdade e das relações no mundo virtual, e os artistas selecionados são Ana Raylander, Denis Moreira, Gustavo Torrezan e Karola Braga e Tatiana Cardoso. Já o projeto de curadoria foi feito por Allan Yzumizawa, resultado de sua pesquisa no litoral da Paraíba, tendo como convidados quatro artistas paraibanos: Cris Peres, Lucas Alves, Paulo Pontes e Serge Huot.
Para sair de casa
Seguindo na arte, fica em cartaz até 15 de julho, na Galeira Marília Razuk, a coletiva Em Tempos como Estes. Curada por Érica Burini, do Ateliê397, busca tirar o estigma em relação à produção de artistas mulheres mais velhas. São exibidas obras da coleção de Alayde Alves, além de trabalhos de artistas da galeria e de 11 artistas do grupo Rosa Choque.
No galpão da Forte D’Aloia & Gabriel, o curador Tiago Mesquita investiga as diagonais na arte abstrata na coletiva Diagonais, que traz obras inéditas de Jac Leirner e Beatriz Milhazes. Já no Masp, está imperdível a exposição Paul Gaugin: O Outro e Eu, que encara de forma crítica esse outro exótico pintado pelo modernista francês.
E, na FONTE, vale agendar uma visita para ver a coletiva Melodia, com obras de de Arthur Palhano, Brisa Noronha, Fabio Perino, Marcelo Amorim, Marina Weffort, Nino Cais e Zé Tepedino e curadoria de Domenico de Chirico. Precisa agendar a visita. Para terminar, fica até sábado o Festival Vórtice de Arte Erótica, com curadoria de Paulo Cibella, no Edifício Vera.
Indo para o cinema, começa hoje a vai até 9 de julho na Cinemateca Brasileira a mostra Bresson- Marker, com filmes dos franceses Robert Bresson e Chris Marker. Por lá, a partir de amanhã começa a mostra Cinema Japonês Contemporâneo. Vindo para o Brasil, fica no CCBB também até 9 de julho a Retrospectiva Geraldo Sarno, com documentários e filmes de ficção do diretor nordestino. E, no Theatro São Pedro, de hoje a domingo, rola Metropolis, de Fritz Lang, com trilha ao vivo feita pela orquestra do teatro.
Falando em teatro, amanhã estreia no CCSP o monólogo Diadorim, com Vera Zimmermann e direção de Guilherme Leme Garcia. Apresentações de sexta a domingo até 16 de julho. No Sesc 24 de Maio, está em cartaz com sessões de quinta a domingo até 23 de julho, Sra. Klein, com Ana Beatriz Nogueira, Natália Lage e Kika Kalache, com direção de Victor Garcia Peralta. E, na terça, estreia no Sesc Pompeia a peça Escombros, do inglês Dennis Kelly, com direção de Clara Carvalho e Isabella Lemos e Iuri Saraiva no elenco. Fica até 21 de julho.
Hoje e amanhã, no Centro da Terra, acontecem as últimas apresentações de Amana, solo de Ana Clara Poltronieri que discute a violência contra as mulheres através da dança. Já no sábado estreia no Theatro Municipal, Avesso, performance de dança concebida e dirigida por Laila Padovan.
Para quem gosta de ópera clássica, na sexta e no sábado o Teatro Sérgio Cardoso traz uma montagem da Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni, com a Orquestra Sinfônica de Santo André sob a regência do maestro Abel Rocha. Entre os solistas, destaque para a mezzo-soprano italiana Lucrezia Venturiello que divide o papel de Santuzza com a brasileira Marly Montoni.
Hoje, na Praça das Artes, o Quarteto da Cidade apresenta Música Urbana Brasileira Em Transformação. Na Sala São Paulo, segue a Temporada Osesp. Nos concertos de hoje e amanhã, peças de Sibelius e Rachmaninov com o pianista britânico Stephen Hough como solista. Amanhã, tem a Orquestra de Câmara de Munique no B32. E, na terça e na quarta, alguns dos artistas que se apresentam no Festival de Inverno de Campos de Jordão passam pela Sala São Paulo.
De shows, hoje tem a pianista Klüber com participação de Filipe Catto no Bar Alto, Bixarte na Casa Natura Musical. e Diego Stevam no Quintal do Jazz d’A Chacrinha e Thunderbird, Mário Manga e Fábio Tagliaferi no Picles. No Jazz B, começa hoje a programação especial de 10 anos com a incrível Ekó Afrobeat.
Amanhã tem Feminina - Jazzmin's Big Band e Banda Black Rio, ambos no Blue Note, Madrugada no Porta e Vandal no Tendal da Lapa. Sexta e sábado rola Banda Mantiqueira na Casa de Francisca. Já no domingo de manhã tem Joabe na Vila Itororó e, mais tarde, Christine Valença no Whiplash.
Terça tem Orquestra Mundana Refugi na Casa de Francisca e Tila no Centro da Terra. Na quarta, Leo Cavalcanti canta Rita Lee no Bona e Negro Leo toca com Ana Frango Elétrico, Chicão, Fábio Sá e Sérgio Machado na Casa de Francisca, com participação de Ava Rocha. Tipo imperdível.
No mundo Sesc, hoje rola Bike no Carmo, Juliano Gauche no Vila Mariana e Caixa Cubo no Pompéia. Amanhã tem Grupo Tempus Transit no Santo Amaro, Leoni no Bom Retiro, Bruna Caram cantando Gonzaguinha no Ipiranga, Assucena no Santo Amaro, Rodrigo Campos no Vila Mariana e Fabiana Cozza no Belenzinho. Sexta e sábado tem Karnak no Pompéia. De amanhã a domingo tem Chico César no Santana e Edu Lobo no Pinheiros. Sábado tá punk: tem Cólera no Santo André e 365 no Santo Amaro. Sábado e domingo rola Ava Rocha tocando Índia, da Gal Costa, no Ipiranga e Karol Conká no Vila Mariana. Pra fechar esse fim de semana bem bom, no domingo tem Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo no Belenzinho.
Indo pra pista, hoje tem KL Jay no Miúda, sexta rola Pista Quente no Bar Alto e Sinkro no Estúdio Lâmina. Sábado tem tarde jamaicana na Balsa com a Roofsteady. Depois rola Micélio na Margem, Gop Tun DJs + Carrot Green no Lote, o hiphop da festa Punga! no Cineclube Cortina e Climinha Bem Domply no N/A.
Discos
No Tempo da Intolerância, Elza Soares (Deck)
Gravado um ano antes da partida de uma maiores cantoras da música brasileira, esse é um disco testamento endereçado a todas as mulheres negras deste país. É sem dúvida o disco mais político de Elza, desde a faixa título. Musicalmente, não tem a exuberância e a criatividade de seu maior trabalho recente que é A Mulher do Fim do Mundo, mas o peso político e a chance de ouvir novas canções na voz de Elza são compensações suficientes.
Pieces of Treasure, Rickie Lee Jones (BMG)
Não ouvia Rickie Lee Jones desde a adolescência, e confesso que foi uma delícia me entregar a esse disco em que ela ataca standards, com arranjos reconfortantes, que transmitem uma atmosfera intimista de clube de jazz.
Heaven is a Junkyard, Youth Lagoon (Fat Possum Records)
Trevor Powers está de volta como Youth Lagoon depois de oito anos e de experimentar com quase todo tipo de som. Mas aqui o que guia as letras cifradas é o conjunto de piano e voz, num registro quase feminino. A fluência em diferentes gêneros serve às canções no refinamento dos arranjos, que são de uma espacialidade ímpar e cheios de pequenos easter eggs para os ouvidos.
Ereignishorizont, Schneider TM (Karirecords)
Desde a versão para There Is a Light that Never Goes Out, eu piro nesse produtor alemão.Mas aqui nem um suspiro pop atravessa esses mais de 80 minutos de uma experimentação eletrônica gerada por guitarras elétricas e eletroacústicas, modificadas por pedais e por amps valvulados. É uma música que insinua suas formas aos poucos, uma trilha sonora futurista a espera de um filme.
Filmes
Seus Ossos e seus Olhos, Caetano Gotardo (cinemas)
São poucas sessões, programadas em horários ingratos. Mas, para quem realmente gosta das experimentações narrativas no cinema, esse é um filme incontornável, feito muito de palavras mas também traduzindo a cidade de São Paulo em pessoas e miradas íntimas.
A Sindicalista, Jean-Paul Salomé (cinemas)
Baseado em fatos reais, o filme traz Isabelle Huppert na pele de Maureen Kearney, sindicalista de uma empresa de energia nuclear, que faz uma série de denúncias de acordos secretos com o governo francês. Esse é só o ponto de partida de um filme em que a trama vai se complicando para além do escândalo.
Séries
Bastidores de uma Conspiração (Netflix)
Tenho achado as séries europeias mais interessantes de assistir na Netflix, só porque os roteiros parecem ser um pouco menos escritos por algoritmos. E gosto das que têm começo, meio e fim, caso desse triller policial em seis episódios.
The Idol (HBO Max)
Essa é uma série confusa, que está para acabar com um episódio a menos que o previsto. Tem um roteiro bem estranho sobre uma estrela da música que perde o controle após a morte da mãe. As críticas têm sido terríveis. Não sou masoquista, mas o fato de ela ter sido criada pelo The Weeknd, uma estrela pop de verdade, me dá vontade de ver onde essa história vai chegar.
Entendo super, .esma sensação que tive ao ler seu post do Sonar <3
Deu até saudades de São Paulo.