Nenhuma indicação que eu possa fazer nesta newsletter hoje será mais importante do que a de sair de casa para votar no domingo e apertar 13 e confirmar. Duas vezes, por favor, uma para Lula, outra para Haddad. Este é um espaço que trata basicamente de cultura, de uma São Paulo cheia de opções do que fazer. Só um projeto democrático como o de Lula pode começar a recuperar o campo das artes da destruição bolsonarista. Da mesma forma, não podemos deixar o maior orçamento da união nas mãos do bolsonarismo. Imagina ter de conviver em São Paulo com todas essas figuras abjetas que infestaram Brasília nos últimos quatro anos? Então, de novo, domingo é dia de apertar 13. Não pra voltar a sonhar, mas para acordar do pesadelo, como o Sonic Youth indicou nas suas redes.
Já que é de política que se trata este fim de semana, hoje, a partir das 19h, a Vitrine Filmes vai liberar de graça em seu canal do YouTube o filme Amigo Secreto (foto), documentário dirigido pela Maria Augusta Ramos, sobre investigações da Operação Lava-Jato, a prisão do Lula e o escândalo da Vaza-Jato, que mostrou que o agora senador Sérgio Moro agiu ilegalmente em conluio com o Ministério Público para tirar o ex-presidente das últimas eleições. O mesmo Moro que agora lambe as botas do genocida nesta reta final de campanha. Fica 24 horas no ar. Manda o link para aquele seu parente bovino.
Pra sair de casa
Na semana passada eu dei a dica da peça Ouro [O]culto, idealizada e dirigida por Ester Laccava. Infelizmente, todas as apresentações da semana foram canceladas por motivos de saúde, então reforço a indicação para ver os delírios de uma coach motivacional que acredita ter encontrado a fórmula do sucesso em cartaz até o sugestivo dia 13 no Sesc Avenida Paulista.
A Cisne Negro Companhia de Dança volta ao Teatro Alpha neste final de semana com um programa que traz duas coreografias: Lampejos: Uma Degustação Visual, de Andressa Miyazato, e a estreia de Esperar o Inesperado, da americana Maria Caruso.
Num pique mais indie, hoje e amanhã Adriana Nunes, diretora da Anônima Cia de Dança, apresenta o espetáculo solo Todo — uma dança partida, no Centro da Terra.
Duas exposições ficam abertas só até sábado na Zipper Galeria e valem muito ser vistas. A primeira é Humanas, Demasiado Humanas, um olhar da Monica Piloni para o feminino, que é apresentada sob o ponto de vista de dois curadores diferentes. E a outra é Sarrafo, do fotógrafo Vitor Mazon, que discute a transformação e a exploração da natureza.
Fazendo a ponte entre poesia e artes visuais, está em cartaz na Pinacoteca Luz Lenora de Barros: Minha Língua, reunindo cerca de 40 obras da artista, entre elas o vídeo O Ventre, comissionado especialmente para a mostra. Lembrando que sábado a entrada é gratuita.
Agora para quem quiser soltar as bruxas antes da eleição, tem uma tenebrosa invasão carioca na sexta, com a festa Raloin Carnageralda. No line-up, Trujillo, Cecyza, Forró Red Light e Carrot Green. Na Fabriketa.
No mundo Sesc, rola de hoje a sábado Zeca Baleiro com Vinícius Cantuária em Guarulhos. Na sexta e no sábado, tem MC Tha no Bom Retiro e Luedji Luna no Pinheiros. Na sexta, tem Zé Ibarra, no Belenzinho, e Cida Moreira e Ayrton Montarroyos, no Pompeia. Já no sábado tem Zé Nigro no Belenzinho, Larissa Luz, no 24 de Maio.
Amanhã, o Galpão Cru comemora seu primeiro ano de vida repetindo a noite Dizer Noise, que inaugurou o espaço. Além de Guizado e Pagodub, vai rolar uma roda de improviso com 12 artistas que transitam entre a música e as artes visuais, terminando com o set Sem Massagem do DJ Kauê do MP3.
Na Casa de Francisca tem a Roda da Democracia da Fabiana Cozza hoje e Mestrinho no feriado da quarta. Já no Bona tem Trupe Chá de Boldo hoje, Barbara Eugênia na terça e a incrível Banda Mantiqueira na quarta.
Discos
NARVA2, André Damião (Brava)
Poucas pessoas mergulham tão profundamente na alma das máquinas, extraindo beleza e sujeira, do que André Damião. No álbum, ele reúne experimentos feitos desde 2016 com diferentes mídias, muitas em vias de extinção. Nas improvisações, entram como convidados Thomas Rohrer na rabeca e Paulo Dantas, nas guitarras e objetos.
Natureza, Joyce Moreno with Mauricio Maestro (far Out Recordings)
Relançamento desse clássico, um dos meus discos preferidos da Joyce, que tem produção e arranjos de Claus Ogerman, o mesmo maestro de Urubu, do Tom Jobim. É um disco lançado originalmente em 1977, feito quando Joyce morava em Nova York. A além do guitarrista Maurício Maestro, que contribui com quatro músicas, o disco tem essa seção rítmica impressionante, formada por Naná Vasconcelos, João Palma e Tutty Moreno, além do baixo de Buster Williams.
Se Ve Desde Aqui, Mabe Fratti (Unheard of Hope)
Um disco que oscila entre o bater e o assoprar. Em seus lançamentos anteriores, a compositora da Guatemala radicada na cidade do México brinca com voz e frases de cello, em um mundo de camadas e texturas, sintetizadores e muito reverb. Aqui ela busca um som mais conciso, seco, mas ainda assim assombrado pela beleza polifônica da conversa entre cello, voz e eletrônica.
Is It Going to Get Any Deeper Than This?, The Soft Pink Truth (Thrill Jockey)
Eu amo Matmos, e dos projetos e coloborações de seus membros, um que sempre me jogou na pista foi o Soft Pink Truth, a versão mais gay delirante de Drew Daniel. Vim para esse disco esperando o peso do electro e fui brindado com um disco de house luxuosa, impossível de ouvir sem pensar numa pista solar.
Livros
30 Poemas de um Negro Brasileiro, Oswaldo de Carvalho (Companhia das Letras)
Antologia poética que traz o autor para um diálogo contemporâneo, a partir de uma dupla chave política e estética. Esta reunião soma à inteireza da coletânea 15 Poemas Negros (1961), poemas dos livros O Estranho (1984) e Luz & Breu (2017).
UNDERGROUND: Luiz Carlos Maciel (Edições Sesc)
Se existe um texto jornalístico que traz em si todo o ethos da contracultura brasileira, ele é o de Luiz Carlos Maciel. Um jornalista que, diante da segurança, sempre optou pelo risco, pelo plural, pelo olhar menos domesticado. A seleção de Claudio Leal para esse livro dá conta de toda essa multiplicidade.
Dois da Mostra
Triângulo da Tristeza (Ruben Östlund)
O vencedor da Palma de Ouro de Cannes deste ano terá sessões amanhã no CineSesc e na quarta no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca. O filme é uma leitura da luta de classes em tempo de Instagram. Um casal de modelos é convidado para um cruzeiro de luxo que naufraga, e os dois se vêem em uma ilha deserta com bilionários e uma faxineira.
Nossa Pátria Está Onde Somos Amados (Felipe Hirsch)
Passa na sexta no CineSesc e na quarta no CCSP esse doc em que Felipe Hirsch registra a ocupação do Museu da Língua Portuguesa em maio deste ano. É um ensaio visual sobre as palavras que nos unem mas também podem nos separar.
Séries
The Beat Diaspora (Konrad Dantas, Coy Freitas e Mayra Faour, no YouTube)
Saiu nesta semana o primeiro episódio desta série que mergulha na genealogia dos beats na África, na Europa e nas Américas. Lançada pelo Canal Kondzilla, captada sob o olhar nerd do Dago Donato e do Chico Dub, o primeiro episódio é dirigido por Tico Fernandes que nos leva pelas vielas do funk paulista.
O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro (Guillermo del Toro, na Netflix)
Num pique Além da Imaginação, o cineasta mexicano que fez O Labirinto do Fauno realiza essa antologia de histórias de terror, variando os gêneros, sempre com suspense. Cada episódio tem o luxo de ser realizado por um diretor diferente, o que traz uma pluralidade de visões macabras muito bem-vinda.
Discaços! Simbora no 13!
Discaços! Simbora no 13!